Na faculdade, aprendi que a melhor publicidade é a que ou você coloca um cachorro, ou você tem uma criança, porém a Volkswagen superou. Ao comemorar os 70 anos da marca, a Volks uniu a maior cantora de todos os tempos do Brasil, nossa saudosa Pimentinha, Elis Regina, com sua filha, Maria Rita.
A união da nostalgia, com a voz forte, marcante e apimentada de Elis, com a elegância da sua filha mais nova, Maria Rita, a equipe liderada por Luiz Sanches e Filipe Bartholomeu, da AlmapBBDO, fez com que nós, amantes da boa música brasileira, pudéssemos visualizar o que muitos poderiam até imaginar, mas que era impossível – mãe e filha cantando juntas. A inteligência artificial trouxe de volta à vida, após 41 anos do seu falecimento, a nossa “La Cantante”, Elis Regina.
Como fã de Elis Regina que sou, demorei para descrever as minhas emoções.
A primeira vez que vi a publicidade chorei. Creio que tive a mesma emoção da primeira vez que vi o show da Maria Rita, por meio de uma emissora de TV, do primeiro álbum intitulado Maria Rita. Até hoje, não tive a oportunidade de vê-la nos palcos, pois quando decidi ir para o show em Manaus, meu filho resolveu nascer antes do previsto, mas, digamos, foi por uma causa justa.
Chorei também pelo fato de ser muito fã de Elis e não ter tido a oportunidade de vê-la ao vivo nos palcos, pois quando ela faleceu eu era muito criança, mas foi na minha infância que Elis marcou o seu canto na minha vida.
Como publicitária chorei, pois há tempos não se fazia uma publicidade de carros com tanta dignidade e com tanta tecnologia sem transparecer a tecnologia. Os detalhes ao homenagear também o autor de “Como nossos pais”, Belchior, na camisa velha, mas no caso não colorida (agora faço um trocadilho com outra canção eternizada por Elis). As publicidades de hoje de carros parecem que querem vender a tecnologia, mas não a embarcada nos carros e sim a de imagens. Perderam o “fator UAU” do telespectador e fica parecendo mais uma. Ou como dizia o filho do publicitário Stalimir Vieira: “deprimente”, rs. Só quem já teve a oportunidade de vê-lo apresentar “como perder uma grande conta”, ao mostrar sua pior publicidade feita para o McDonald, da Argentina, irá entender essa piada.
Chorei por lembrar das minhas primeiras aulas de direção, no fusca cinza, que antes fora amarelo táxi, da minha saudosa avó Edina. Lembrei do gol bolinha da minha mãe. Lembrei do meu pai, que minha mãe dizia que tinha uma kombi velha e sem freio, que ele andava com uma pedra para poder parar a kombi e que minha mãe corajosa me levava para passear nas tardes vazias de domingo . Dos fuscas dos meus tios Edson e Lindemberg, dos fins de semana no sítio , tomando banho de igarapé. É… a Volkswagen marcou uma geração apaixonada pela vida.