Jordane Macedo, criador da Rota do Queijo de Minas, desenvolve ação internacional de Volta ao Mundo e presenteia o Embaixador do Brasil no Vaticano e o Papa com o queijo Canastra, além de realizar visitas ao Mickey na Disney no Japão e a pontos turísticos como Fontana de Trevi e o Pantheon em Roma para ampliar a visibilidade do QMA; ele destaca a importância de políticas públicas para impulsionar toda a cadeia produtiva com turismo e exportação do produto
Os queijos mineiros ganharam o paladar dos brasileiros e atraem cada vez mais adeptos no país e ao redor do mundo, tornando-se uma identidade gastronômica de Minas Gerais. Mesmo com o crescimento da produção do queijo artesanal e do turismo nas regiões produtoras, ainda há muitos desafios para fomentar negócios para cadeia produtiva, ampliar o turismo e conquistar o mercado internacional. Por isso, diante desses entraves, um dos mais entusiastas defensores do queijo mineiro, o criador da Rota do Queijo de Minas e Diretor da Culturar, Jordane Resende Macedo, atravessou os oceanos pacífico e atlântico para realizar visitas internacionais com o objetivo de mostrar ao mundo os queijos produzidos de forma artesanal no Estado, em especial, o queijo do Ivair da Serra da Canastra, que é o mais premiado do mundo e que, recentemente, conquistou a certificação SIF expedido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária para exportação.
A iniciativa, que faz parte do projeto Made in Minas Gerais, passou pelos continentes norte-americanos, asiático e europeu, durante os meses de julho e agosto desse ano. Jordane saiu do Brasil com destino aos Estados Unidos com 3 queijos na bagagem, sendo um deles com o propósito de voltar ao país, e assim termos um queijo mineiro que deu uma volta ao mundo. A tour passou pela NASA e Key West, depois cruzou o pacífico até o Japão onde realizadas visitas a diversos templos, o Giant Buda e até o rato mais famoso do mundo, o Mickey Mouse em sua casa na Tokyo Disney. A viagem de retorno contou com parada na embaixada brasileira no Vaticano para reunião com o embaixador Everton Vieira, e o chefe do setor político junto a Santa Sé, Bruno Quadros, o momento que foi registrado o ato de entrega, para que fosse encaminhado ao protocolo do Vaticano via embaixada, e assim ser entregue ao Papa Francisco.
Volta ao mundo com o queijo mineiro – Ainda em Roma, Jordane cumpriu agenda na embaixada brasileira onde teve reunião com o chefe do Setor de Agronegócio, Jean Paul, e o chefe do setor de Promoção Comercial e Turismo, Durval Cardoso. No encontro, foi abordado perspectivas promissoras para o mercado queijeiro, como a importância de o setor enfrentar desafios logísticos e firmar compromissos de entrega para avançar rumo à internacionalização. Entre os desafios, Jordane pontuou alguns entraves. “Cada queijeiro fabrica artesanalmente, 20, 30 peças, em média. Para acertar um contrato de exportação é necessário firmar um compromisso de entrega. Por isso, a importância de um esforço conjunto entre produtores e governos para o investimento na infraestrutura do turismo local. No caso da Serra da Canastra, que é uma das regiões maiores produtoras do Estado, a necessidade é investir em logística para construção de um aeroporto próximo com voos regulares, para a geração de um turismo qualitativo criando ambiente para visitação, desenvolvimento turístico e facilitando condições para exportação”, afirma. Jordane e o queijo viajante ainda passaram por monumentos como o Coliseu, arco de Constantino, Fontana de Trevi e o Pantheon.
E por fim, de volta para casa em Minas Gerais, Jordane se prepara para em breve retornar com o queijo para a Serra da Canastra onde ficará em exposição para visitação, como um marco para o setor produtivo. “A nossa ideia é marcar o queijo do Ivair, como o primeiro de muitos queijos mineiros que vão ganhar o mercado internacional”, afirma.
Certificação é essencial para o setor – Jordane explica que a iniciativa de viajar o mundo com o primeiro queijo da Serra da Canastra a receber o selo SIF para exportação é um marco importante para o setor, pois celebra a conquista dos produtores e traz uma reflexão sobre a importância de criar condições mais favoráveis para a obtenção da certificação para exportação. “Sabemos que para conseguir os certificados de inspeção municipais, estaduais e federais estabelecidos pelas autoridades de saúde e segurança alimentar que visam a qualidade dos produtos os critérios são rigorosos e custosos, mas o que acontece é que muitas vezes esses padrões não estão alinhados com as práticas tradicionais e características únicas dos queijos artesanais”.
A produtora da Serra da Canastra, Maria Lúcia Pereira Oliveira, conta que para conseguir a certificação SIF do Queijo do Ivair eles precisaram fazer investimentos e adequações em equipamentos, além da contratação de um responsável técnico. “Sem o selo de inspeção estávamos perdendo mercados e parceiros no país. Agora seguimos com a nossa produção e demanda em alta, com uma média de 40 queijos produzidos de forma artesanal todos os dias, mantendo a qualidade e a autenticidade do nosso produto que agora pode ganhar o mundo”. O queijo do Ivair é o primeiro produzido na Serra da Canastra a conseguir o certificado para venda nacional e internacional e segundo Mária Lúcia, o próximo desafio para sua expansão é qualificar a mão de obra para ampliar a produção sem abrir mão da identidade e qualidade do queijo artesanal.
Fortalecer o turismo na região incrementará os negócios – Jordane destaca que atua para fortalecer 3 pilares importantes que estão interrelacionados nessa cadeia: os negócios dos produtores, o turismo na região e eventos para qualificação do trade. Ele explica que há avanços no setor com o aumento na produção queijeira, mas que ainda há muitos empecilhos para ampliar exportação e consolidar a internacionalização do queijo com atração de negócios. Entre os principais desafios estão a burocracia e custos elevados dos processos de certificações e o capital escasso para investir em expansão dos produtores locais, a maioria, vem da tradição familiar.
Em relação ao pilar turismo, ele reforça que potencializar essa vocação queijeira do estado é também incrementar a economia regional como um todo para romper fronteiras e impulsionar a exportação e atrair turismo nacional e internacional para as regiões produtoras. “Toda a cadeia se beneficia quando melhora para o produtor local, mas é preciso criar mais iniciativas como a Rota do Queijo. A valorização do mercado de queijos está intrinsecamente ligada ao fortalecimento do turismo e da economia regional, e campanhas de incentivo à rota e eventos locais são fundamentais para o mercado. A Rota não é apenas sobre degustar queijos incríveis, mas também sobre mergulhar na rica cultura queijeira e apreciar o ecoturismo. O verdadeiro valor está na experiência completa, onde os visitantes têm a oportunidade de conhecer as regiões produtoras, os produtores, suas tradições e conectar-se com as comunidades locais”.
Como próximo passo, ele deseja integrar outras regiões à Rota do Queijo no futuro, mas precisa de incentivo para implementar esse projeto. Além disso, outra edição do evento Made in Minas deve acontecer uma edição ainda neste ano. Com o turismo em alta, Jordane destaca que houve um incremento relevante de visita aos produtores da Rota do Queijo, após 9 meses do lançamento do roteiro. A rota, inclusive, já foi tema de documentário lançado pela Embratur narrando a história de alguns produtores locais, entre eles o Queijo do Onésio. Produtor que está com seu estoque de queijos esgotado e prazo de encomendas para mais de 30 dias, após sair em matéria do jornal Brazilian Times nos EUA. Resultados que devem ser impulsionados pela crescente demanda de turismo no Estado, considerando que Minas Gerais já vem despontando no mercado nacional, com o maior crescimento no índice de atividade turística com índice 720% superior aos outros estados, de acordo com o Ministério do Turismo, considerando que as regiões queijeiras ainda têm um potencial muito maior para receber turistas como acontece com a região vinícola no Sul do país.