Um estudo do Observatório Covid-19 da Fiocruz aponta que as gestantes e puérperas foram mais penalizadas pela pandemia de Covid-19 em 2020 do que a população em geral. A pesquisa, divulgada nesta quinta-feira (19/1) e publicada na revista científica BMC Pregnancy and Childbirth, destaca que houve um excesso de mortes maternas de 40% no primeiro ano da pandemia, quando comparado aos anos anteriores.
No período, 549 mães morreram por Covid-19, principalmente gestantes no segundo e terceiro trimestres. “Mesmo considerando a expectativa de aumento das mortes em geral em decorrência da pandemia de Covid-19, ainda assim houve um excesso de 14%”, afirma, em nota, a Fiocruz.
O levantamento mostra que as mulheres negras, que residem na zona rural e foram internadas fora do município onde vivem foram as que mais morreram, o que escancara as diferenças no atendimento de saúde.
As chances de hospitalização de gestantes com diagnóstico da doença foram 337% maiores, enquanto o risco de internação em UTI foi 73% maior e as chances de uso de suporte ventilatório invasivo, 64% maiores que em pacientes em geral.
“A rede de serviços parece ter sido mais protetiva às gestantes e puérperas, garantindo internações mais imediatas e direcionamento para a terapia intensiva e invasiva. Contudo, o atraso do início da vacinação entre as grávidas e puérperas pode ter sido decisivo na maior penalização dessas mulheres”, analisa o pesquisador Raphael Guimarães.
Ele pondera que o excesso de óbitos aconteceu, em grande parte, diretamente pela Covid-19, mas a pandemia também inflou o número de mortes de mulheres por ter dificultado ainda mais o acesso ao pré-natal e a condições adequadas de realização do parto.