O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi convencido por integrantes do PSB a “deixar” a deputada federal Tabata Amaral ser candidata à Prefeitura de São Paulo, segundo interlocutores do petista, graças a um desenho amador feito em seu gabinete.
A conversa, de acordo com integrantes presentes no encontro, aconteceu no Palácio do Planalto, no início deste ano, e começou tensa.
Na ocasião, Lula estaria decidido a barrar a pré-candidatura de Tabata para o comando da maior cidade do país. E se mostrava sem disposição para conversas.
Para convencer Lula, comandantes do PSB fizeram um desenho, em uma folha de papel em branco, da capital paulista. “Um Pluto voltado para a direita”, como definiu um cacique do partido, referindo-se ao personagem de Walt Disney, com o longo focinho representando a zona leste.
Ali, com uma caneta azul, teriam explicado ao presidente da República:
- as bordas (periferias) votam na esquerda;
- o núcleo vota na centro-direita ou na direita.
Mas as pesquisas internas do PSB apontavam uma “furadora de bolhas”: só Tabata entraria numa parte da cidade que antes o PSDB, e agora o bolsonarismo, dominam.
Ainda no desenho, feito de forma rudimentar, Lula teria percebido o potencial desse “quadradinho”, uma espécie de centro expandido da capital.
É ali que Tabata pode avançar, servindo como opção a Guilherme Boulos (PSOL), apoiado por Lula, e a Ricardo Nunes (MDB), apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). E conquistando, assim, um eleitorado crucial para levar a disputa ao segundo turno.
Seria, ao fim e ao cabo, uma espécie de “seguro antivexame”. “Imagine uma vitória do bolsonarismo no primeiro turno em São Paulo? Seria uma tragédia”, disse um dirigente do PSB.
Lula, então, finalmente assentiu. O medo de perder acabou pesando mais do que a vontade de vencer.
Texto: Larissa Rodrigues/CNN