O documentário “Miúcha, a Voz da Bossa Nova”, dirigido por Liliane Mutti e Daniel Zarvos, foi consagrado como Melhor Longa-metragem no festival “Música nas Américas”, da Universidade Sorbonne, em Paris. O anúncio foi feito ontem (10/11), após análise de um júri composto por 14 especialistas, que destacou o engajamento feminista da obra e sua abordagem sensível sobre a trajetória de Miúcha e o movimento da Bossa Nova. O filme está disponível para o público assistir na Globo Play.
Em sua justificativa, o júri destacou o documentário como um “luminoso recorte biográfico de Miúcha, Heloísa Maria Buarque de Holanda, essa artista de múltiplos talentos”, elogiando o olhar crítico sobre o papel das mulheres na música brasileira e a influência do patriarcado nas artes. Com uma linguagem cinematográfica envolvente, o filme combina arquivos raros, desenhos criadas pela própria Miúcha e animados pela equipe do filme, a uma montagem criativa que reflete sua personalidade vibrante e multifacetada. O júri ressaltou que “a unidade perfeita entre roteiro, realização e a personagem faz deste documentário uma obra cinematográfica de primeiro plano”.
Narrado com a voz da atriz Sílvia Buarque, sobrinha da cantora, que interpreta cartas e diários pessoais de Miúcha, o documentário oferece uma visão íntima da artista. Em festivais internacionais, acumula prêmios, incluindo Melhor Longa de Música no Festival Internacional de Cinema Indie Lisboa e Melhor Filme no In-Edit México. Para a diretora Liliane Mutti, essa vitória representa uma celebração do protagonismo feminino na música brasileira. “É uma honra ver Miúcha recebendo esse reconhecimento em um festival na Sorbonne. Esse é um espaço onde o olhar sensível sobre a história e a cultura brasileiras alcança novas perspectivas,” comemorou.
O festival “Música nas Américas” promove reflexões sobre questões culturais contemporâneas das Américas. Em parceria com o Institut des Amériques e o cinema L’Écran, com a presença do curador do cinema francês Laurent Callonnec, o evento destaca o cinema e a música como pontes culturais, incentivando diálogos entre realizadores e o público, e reafirmando a força da cultura brasileira no cenário internacional.