Desde 2018, a Universidade Centro Americana – UCA – e os Jesuítas passaram a ser perseguidas pelo governo da Nicarágua por participarem de protestos contra a proposta de reforma previdenciária no país. Mesmo após a recusa da sugestão, os estudantes continuaram as manifestações pedindo o fim do mandato de 14 anos de Ortega. Em resposta, o presidente declarou ilegal qualquer tipo de protesto no território.
No dia 09 de agosto, a UCA teve suas contas congeladas sem aviso prévio e precisou alertar funcionários e alunos que não poderiam fazer pagamentos. Uma semana depois, a principal universidade particular do país foi acusada de terrorismo e teve todos os bens e contas bancárias confiscadas em um processo aberto por Ortega.
De acordo com o sistema de justiça da Nicarágua, a UCA funcionou durante os protestos de 2018 como “um centro de terrorismo, aproveitando as condições criadas com mentiras, para aumentar os níveis de violência e destruição, organizando grupos criminosos armados e encapuzados que utilizaram métodos terroristas.”
Em 19 de agosto, o reitor da UCA e outros cinco jesuítas foram expulsos de suas casas por mais de 20 polícias da Nicarágua. Os moradores foram instruídos a pegarem suas coisas e saírem dos imóveis pertencentes à universidade. Segundo a polícia, os jesuítas estavam sendo despejados porque as casas são propriedades do Estado.
Dissolução da ordem
Quatro dias mais tarde, o diário oficial do governo, La Gaceta, anunciou que o presidente Ortega dissolveu a ordem jesuíta, cancelou o estatuto jurídico e tomou todos os seus bens. A justificativa foi que a entidade não apresentou demonstrações financeiras dos anos de 2020 a 2022, o que dificultou a monitorização da entidade. Os religiosos também não renovaram o conselho de administração, expirado desde março de 2020.
Os diretores da ordem jesuíta afirmaram que os atos do governo aconteceram fora dos procedimentos legais e que não tiveram direito à resposta.