O uso excessivo de telas está relacionado a uma piora da saúde mental de seus usuários, independentemente da idade, constatou tese defendida no Programa de Pós-graduação em Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da UFMG. A utilização dos dispositivos como distração para as crianças, enquanto os pais buscam realizar suas tarefas, contribui para o aumento nas horas de uso, também constatou a pesquisa.
Educadores sugerem a determinação do tempo de tela de acordo com a idade e a busca por atividades que propiciem mais possibilidades de socialização. Para a pedagoga Lúcia De Melo Nascimento, Coordenadora Pedagógica Ensino – Fundamental II do Colégio Progresso Bilíngue Santos, a tecnologia não deve ser vista como a “vilã” do uso excessivo de telas pelas crianças (celulares, tablets e TVs), mas como uma ferramenta de aprendizado. “É sempre importante entendermos que a tecnologia faz parte do nosso cotidiano e não é a vilã da história. Precisamos aprender a lidar com ela e utilizá-la da melhor forma possível para o nosso desenvolvimento individual e social e dos nossos filhos.”
Até porque as crianças também usam as telas para se comunicar com os colegas, pesquisar e aprender outros conhecimentos. Seja qual for o objetivo, os pais devem acompanhar esse uso, acrescenta Lúcia. “Elas acabam se comunicando com colegas no presencial e através dos jogos e redes sociais. Mas, para além da quantidade, a qualidade dessa exposição é bastante importante que os pais olhem também.”
Quando o limite é ultrapassado, Lúcia reconhece que o desenvolvimento socioemocional e físico das crianças é prejudicado. “Há aspectos cognitivos que podem ser afetados pela excessividade do uso das telas. Estamos falando de distúrbios de aprendizagem, aumento da impulsividade e diminuição de habilidades físicas, quando a criança fica muito tempo parada na mesma posição. E o traquejo social delas também vai ficando reduzido, porque não existe troca de experiência com outras crianças”, assinala.
A diretora pedagógica e doutora e mestre em pedagogia do Movimento pela Universidade de São Paulo – USP, Fabia Antunes, afirma que os dispositivos tecnológicos são um excelente recurso para otimizar momentos de ensino-aprendizagem, desde que haja planejamento pedagógico. Ela explica, porém, que o uso individual do celular na sala de aula é proibido na Lourenço Castanho.
“Entendemos que esses equipamentos realmente potencializam, em alguns momentos, a aprendizagem. Mas ensinamos e mostramos às crianças e aos adolescentes como fazer o uso adequado”, afirma Fábia. Ela lembra que a escola trabalha com os estudantes o conceito de cidadania digital. “Nessas aulas planejadas pelos professores e orientadores, falamos inclusive sobre a importância do que os alunos compartilham e sobre os impactos do uso excessivo das telas”.