O Ibovespa fechou em alta e o dólar caiu ante o real nesta sexta-feira (26), com mercados em todo o mundo digerindo dados da inflação dos Estados Unidos dentro das expectativas e reforçando as expectativas para queda dos juros pelo Federal Reserve em maio.
Na cena doméstica, as atenções se voltam para números da prévia da inflação de janeiro mais fracos do que o esperado.
Investidores também acompanham a recuperação da Vale (VALE3) após o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, indicar que o governo federal desistiu em emplacar Guido Mantega no comando da companhia, além da aprovação do pedido de recuperação judicial da Gol (GOLL4) nos Estados Unidos.
O principal índice do mercado doméstico fechou em alta de 0,62%, aos 128.967 pontos. Com esse desempenho, o Ibovespa fechou a semana em alta pela primeira vez em 2024, com avanço de 1,04%. No mês, porém, o índice ainda recua 2,88%.
O alívio com dados da inflação dos EUA em linha com o esperado deu força para o dólar cair ante o real pelo quarto dia seguido, fechando com desvalorização de 0,24%, a R$ 4,911.
Na semana, a divisa perdeu 0,33%, enquanto na prévia de janeiro a alta de é 1,22%.
Inflação dos EUA anima investidores
O índice de preços PCE, acompanhado de perto pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), subiu 0,2% no mês passado e avançou 2,6% nos 12 meses até dezembro, repetindo o resultado de novembro. Economistas consultados pela Reuters previam altas de 0,2% no mês e de 2,6% na base anual.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice PCE subiu 0,2% no mês passado, depois de avançar 0,1% em novembro. O chamado núcleo do PCE desacelerou a alta para 2,9% na base anual, o menor ganho desde março de 2021, após avanço de 3,2% em novembro.
Os dados desta sexta também mostraram que os gastos do consumidor, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, aumentaram 0,7% no mês passado, depois de terem subido 0,4% em novembro.
Uma inflação em linha com as expectativas nos Estados Unidos pode servir como argumento para o Federal Reserve começar a cortar os juros em breve, embora o mercado ainda não tenha voltado a impulsionar as apostas num início em março, como aconteceu no final do ano passado.
Operadores veem a probabilidade de um primeiro corte da taxa básica do Fed em março em pouco menos de 50%, e de um primeiro corte em maio em cerca de 90%.
IPCA-15 mostra desaceleração no início de 2024
Enquanto isso, no Brasil, o IBGE informou mais cedo que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) teve em janeiro alta de 0,31%, depois de ter subido 0,40% em dezembro. A leitura mensal do indicador considerado prévia da inflação oficial ficou bem aquém da expectativa em pesquisa da Reuters de uma aceleração da alta a 0,47%.
Para a próxima semana, a expectativa consensual em pesquisa Reuters é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduzirá a taxa Selic em 0,50 ponto, a 11,25%, quando encerrar encontro de dois dias na próxima quarta-feira.
Nos Estados Unidos, a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigal em inglês) do Federal Reserve será conhecida também na quarta-feira, com expectativa de manutenção dos juros.
Vale devolve parte das perdas, Gol lidera queda
Os papéis da Vale mostravam recuperação na sessão desta sexta, com alta de 1,67%, devolvendo parte das perdas acumuladas na véspera.
O movimento ocorre em meio ao recuo do governo nas pressões para emplacar o ex-ministro Guido Mantega no comando da empresa. Mais cedo, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nunca faria uma interferência direta no comando da Vale.
“O presidente Lula nunca se disporia em fazer uma interferência direta numa empresa de capital aberto, listada em bolsa, que tem a sua governança e natureza jurídica que deve ser respeitada, até porque o Brasil é um país que respeita contrato, tem regulação estável”, disse Silveira a jornalistas.
Nos últimos dias, segundo fontes relataram à CNN, Lula estava disposto a ter Mantega com voz ativa no comando da empresa, e não apenas como coadjuvante, com um assento no conselho de administração.
Também destaque na véspera após protocolar pedido de recuperação judicial nos EUA, a Gol (GOLL4) liderou as perdas do pregão, com desvalorização de 8,07%.
Mais cedo, o presidente-executivo da Gol afirmou que o processo nos EUA — também conhecido por chapter 11 — deve durar “substancialmente menos” que o prazo de 20, 30 meses de outras empresas latino-americanas.
O Bradesco BBI cortou a recomendação das ações da Gol para “underperform” e reduziu o preço-alvo de R$ 10 para R$ 1, citando que, “com ou sem o ‘chapter 11’, todos os cenários levam a uma enorme diluição do capital”.
Próximo ao fim do pregão, foi anunciado que o Tribunal de Falências de Nova York acatou o pedido. Com isso, a empresa inicia o processo para repactuar dívida de R$ 19,5 bilhões.
Com o aceite da Justiça dos EUA, a companhia aérea terá acesso ao crédito de US$ 950 milhões obtido pela Abra, que é o grupo controlador da Gol e Avianca.
Por CNN e Reuters
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