Segundo dados da Sociedade Brasileira de Neurologia, a neurocirurgia no Brasil apresenta um cenário desafiador quanto à representatividade feminina. Com apenas 8,6% de mulheres atuando na área, isso significa que, a cada 100 profissionais da área, apenas oito são do sexo feminino. O estudo ainda evidencia que, apesar da persistente desigualdade de gênero nessa especialidade, considerada por muitos como masculina, as mulheres se destacam quando se trata de assistência mais humanizada.
Mas por outro lado, a nova edição da pesquisa Demografia Médica, do CFM, mostra que 49,92% dos profissionais de medicina são do sexo feminino. De acordo com a pesquisa, que reúne dados atualizados até janeiro deste ano, os homens representam 50,08% do total. Segundo o CFM, uma ligeira vantagem masculina ainda existente no cenário nacional deverá ser superada neste ano porque, desde 2009, as mulheres já são maioria entre as egressas das faculdades médicas.
Mas voltando a falar sobre neurocirurgia, a realidade enfrentada por mulheres nesse campo é marcada por desafios significativos. Desde o início da minha carreira como neurocirurgiã em Blumenau (SC), onde fui a primeira mulher a se formar nessa especialidade em Santa Catarina há quase 15 anos, tenho observado de perto as dificuldades enfrentadas por colegas do sexo feminino.
O preconceito e a desconfiança são obstáculos frequentes, mas apesar dos desafios, há sinais encorajadores de progresso. O número de mulheres escolhendo a neurocirurgia como carreira está em ascensão, e os esforços contínuos para promover a diversidade e a inclusão estão ganhando destaque.
No Dia do Neurocirurgião, é importante reconhecer não apenas as conquistas individuais na área médica, mas também o papel crucial de promover a igualdade de gênero e superar os desafios enfrentados pelas mulheres neurocirurgiãs no Brasil. É um lembrete de que, com perseverança e paixão, podemos alcançar mudanças significativas e deixar um legado duradouro na neurocirurgia e medicina brasileira.