Ademir Ramos (*)
O desejo, o querer e o domínio quando arrebatados pela paixão podem criar condições necessárias para determinado grupo político se firmar como liderança das massas ou de determinada classe no universo de extrema necessidade marcado pela barbárie da fome e do desalento social seguido de uma prática política populista.
O fenômeno pode ser configurado de várias formas, a começar pelo controle do Estado, principalmente, na Democracia quando os arranjos legais são instituídos justificando mando e controle da situação.
Desse modo, as expectativas fundam-se na necessidade, devendo ser respondida imediatamente às vezes de forma improvisada tal como política “meia sola”, como se fosse uma operação “tapa buraco”, não tendo objetivo de sanear mais de dominar para fins eleitoreiro visto que no Brasil temos eleições de dois em dois anos, quando não é para o governo federal e estadual, o foco é o poder municipal.
A miséria social que vivemos chamada de desigualdade, exclusão, fome, desemprego e desalento são ingredientes apropriados para as práticas populistas dos governos que pouco ou nada fazem para promover a questão social como ação indutora da economia produtiva seja na indústria, no agronegócio, na família e nas corporações de trabalho das pequenas e médias empresas.
No Amazonas esta realidade é muito mais gritante quando nos deparamos com tal situação satélite a circundar o Polo Industrial de Manaus (PIM) como viés de uma prática da “monocultura” centrada numa economia estruturalmente dependente dos grandes mercados nacional e estrangeiro regidos pela dolarização dos insumos a impactar no processo produtivo local com graves impactos sociais.
Estas condições matérias do PIM, por mais de cinquenta anos, fez com que os governos populistas se acomodassem e em vez de mobilizar forças nacional e internacional centradas numa outra ancora econômica de forma orgânica e sustentável preferiram ficar na boca do caixa da Secretaria da Fazenda do Estado conferindo a somatório dos impostos, separando o bem bom para os seus e dividindo com os famintos e desolados os “centavos” na formatação de políticas assistencialistas exaltando o nome de determinado político na pauta para as próximas eleições.
É verdade que o vício perpetua o mandatário e faz da nossa gente refém da vontade do executivo, bem como da sua base aliada. Da mesma forma sabe-se também, que assim como brotam flores entre penhascos há de renascer e florescer nos corações da nossa gente o espírito guerreiro da ancestralidade amazônica que lutavam e lutam pela vida com dignidade e direitos sociais sob o imperativo da justiça longe do trabalho escravo, da fome e do jugo do governante e seus coligados traidores do povo.
(*) É professor e antropólogo, coordenador do Projeto Jaraqui e do Núcleo de Cultura Política do Dpto. de Ciências Sociais da UFAM. [email protected]