Em 17 de novembro é comemorado o Dia Nacional de Combate à Tuberculose. A data foi incorporada ao calendário para destacar a necessidade de prevenção e tratamento da doença no cenário brasileiro. No Brasil, o cenário é preocupante, pois o país é o primeiro das Américas no número de casos registrados. Em 2023, foram registrados mais de 110 mil novos casos, segundo dados do DataSus, do Ministério da Saúde. Um dos principais sintomas que deve ser observado, é a tosse prolongada por três semanas ou mais. Ela pode ser seca ou produtiva, que é quando há muco. Febre vespertina, suor noturno e emagrecimento também são sinais de alerta.
Mesmo podendo ser prevenida e tratada, a doença segue sendo um problema global. De acordo com os dados mais recentes divulgados pelo Relatório Global da Tuberculose (TB), em 2022, foi registrado mundialmente o maior número de casos desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou o monitoramento, em 1995. Foram cerca de 7,5 milhões de pessoas diagnosticadas, mas a estimativa é que mais de 10 milhões foram acometidas.
A tuberculose é causada pela micobactéria Mycobacyerium tuberculosis (bacilo de Koch) e, além de poder atingir o pulmão, a pleura (membrana que reveste os pulmões), os ossos, sistema nervoso, linfonodos, intestinos e o sistema genitourinário, ela é infectocontagiosa e com transmissão direta. Pequenas gotas expelidas por uma pessoa contaminada é o suficiente para que a contaminação ocorra.
“Podem surgir complicações, como dificuldade respiratória, eliminação de sangue ao tossir (hemoptise), colapso do pulmão, acúmulo de pus na pleura, infecção generalizada, desnutrição, infertilidade, doença inflamatória na pelve, alterações menstruais e até a tuberculose miliar”, explica Dra. Marta Fragoso, infectologista.
Diagnóstico precoce e tratamento assertivo
O diagnóstico precoce da tuberculose é de extrema importância, pois além de prevenir que a pessoa acometida tenha piora no quadro clínico, ele evita que a contaminação siga ocorrendo e que a doença seja confundida com outras enfermidades. A farmacoeconomia também é consequência, pois tratar um paciente de forma ambulatorial e domiciliar possui menos gastos do que tratamentos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
Segundo a infectologista, ao ter suspeita clínica, deve-se solicitar o exame de raio-x de tórax, além da coleta de escarro matinal para os testes microbiológicos e microscópicos que comprovam o diagnóstico. Ao ter a suspeita confirmada, inicia-se o tratamento, que é feito com antibióticos específicos. “As medicações são associadas por tempo prolongado, sendo de seis a nove meses, dependendo da forma de apresentação da tuberculose”, destaca a Dra. Marta.
Assim como o diagnóstico rápido é essencial, identificar possíveis resistências a antibióticos também faz parte do tratamento assertivo.
Prevenção pode ser feita com vacina
A tuberculose é uma doença altamente transmissível e, caso não tratada, ou se o tratamento for realizado da forma incorreta, ela pode se tornar grave ou até mesmo resistente. Pessoas com baixa imunidade ou adoecidas também são suscetíveis a desenvolverem quadros clínicos instáveis. Dentre as formas de prevenção, estão as mais simples e básicas e que também diminuem outras doenças, como a ventilação dos locais, o não compartilhamento de copos e itens pessoais e de higiene, além de evitar aglomerações.
Apesar destas maneiras, a principal acontece logo nos primeiros dias de vida. “Uma das formas mais importantes de prevenção é a vacina BCG (Bacilo de Calmette-Guérin, bactéria enfraquecida que serve para produzir a vacina), que protege a criança das formas mais graves da doença, como a tuberculose miliar e a meningite tuberculosa. Esta vacina deve ser aplicada já na maternidade, logo após o nascimento, em dose única, no braço direito e deixa uma pequena cicatriz”, explica a infectologista.
A Dra. Marta ainda destaca que ao apresentar sintomas, a pessoa deve buscar atendimento médico e iniciar o isolamento respiratório. Com o tratamento correto, a transmissão respiratória é eliminada em até 15 dias. A fim de manter a saúde pública estável e para que as ações de combate sejam realizadas, é importante que os casos confirmados sejam notificados à Vigilância Epidemiológica, assim é possível realizar o rastreio dos contatos e tratamento ou profilaxia.