Em encontro com o governador Wilson Lima, lideranças indígenas da etnia Mura, que vivem em Autazes (a 112 quilômetros da capital), manifestaram apoio ao avanço na exploração do potássio no município. A reunião aconteceu segunda-feira (25/09), na sede do Governo do Amazonas, com a participação de representantes da Potássio do Brasil, deputados e secretários estaduais.
Segundo o governador, o apoio do povo Mura é importante não apenas para o desenvolvimento do município de Autazes, mas para o Amazonas, com a possibilidade de consolidação de uma nova matriz econômica para o estado.
“Esse é um passo fundamental e eu considero o passo mais importante, que é o processo de consulta ao povo Mura sobre essa atividade da exploração do potássio no município de Autazes”, destacou Wilson Lima. “A gente está falando aqui de uma outra matriz econômica no estado do Amazonas. Nós temos a Zona Franca, nós não abrimos mão dela, temos a questão do gás natural, que a gente já conseguiu avançar muito, e o próximo passo é agora a questão do potássio”, completou.
Participaram do encontro com o governador, além de lideranças indígenas e representantes do grupo Potássio do Brasil, os deputados estaduais Roberto Cidade, presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas, Sinésio Campos, Felipe Souza e Delegado Péricles; e os secretários estaduais de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), Serafim Corrêa; de Mineração, Gás e Energia (Semig), Ronney Peixoto; o secretário-chefe da Casa Civil, Flávio Antony; o diretor-presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam ), Juliano Valente; e o prefeito de Autazes, Andreson Cavalcante.
Na ocasião, representando o povo Mura, José Cláudio entregou ao governador Wilson Lima uma ata e relatório de uma reunião ocorrida entre lideranças indígenas aceitando a continuidade do projeto Potássio Autazes. “Para nós, é muito importante porque isso representa o futuro, o avanço econômico de Autazes e do estado do Amazonas”, disse.
O presidente da Potássio Brasil, Adriano Espeschit, lembrou que o potássio produzido no mundo é, em sua maioria, utilizado em fertilizantes e que o Brasil é dependente de importação. “Porque segurança alimentar depende dos fertilizantes para o agronegócio, para eliminar a fome e alimentar pessoas nesse nosso mundo”, explicou.
No último dia 25 de agosto, a Justiça Federal do Amazonas anulou a Licença Prévia do Ipaam e estabeleceu que a competência para o licenciamento do empreendimento é do Ibama. A decisão atendeu pedido do Ministério Público Federal (MPF), que alega que o empreendimento vai impactar terras indígenas na região de Autazes.
Potencial
Autazes detém uma das maiores jazidas de potássio do mundo. De acordo com a pesquisa mineral realizada pela Potássio do Brasil, o município dispõe de reserva mineral de mais de 170 milhões de toneladas de cloreto de potássio. A produção tem potencial de expansão para 50% do consumo brasileiro até 2030.
A Potássio do Brasil possui projeto pronto para iniciar a construção da estrutura de exploração em Autazes, que está em fase de licenciamento ambiental. A meta do projeto é fornecer, a partir de 2027, 20% da necessidade de potássio do Brasil, que hoje importa 98% do que precisa. O investimento previsto é de U$ 2,5 bilhões, por um período de 23 anos.
Cerca de 95% do potássio produzido no mundo é utilizado para a produção de fertilizantes, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração. Embora o Brasil seja um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, o país importa 85% dos seus fertilizantes utilizados na agricultura.