Novas tecnologias como blockchain, uma regulação que incentiva os negócios e protege os investidores e a entrada de mais concorrentes estão criando uma tendência clara de expansão, de digitalização e de tokenização do mercado de capitais brasileiro nos próximos anos.
Essa visão foi consenso entre empresários e especialistas que participaram, nesta quinta-feira (24), da edição em São Paulo da Rota AmFi, a série de eventos que a fintech AmFi está realizando em nove cidades do país. Os encontros buscam criar conexões com stakeholders locais e mostrar como a tecnologia está revolucionando o mercado e facilitando o acesso de pequenas e médias empresas.
A Rota AmFi em São Paulo teve mais de 300 participantes na sede do Pinheiro Neto Advogados e palestras de especialistas de mercado, como Márcio Schettini, CEO da Coruja Capital, que destacou que com as mudanças em curso, o mercado de capitais poderá se aproximar mais do modelo norte-americano.
”Nos EUA, a indústria de crédito equivale a 220 vezes o PIB de US$ 28 trilhões e o mercado de capitais responde por 50% dela. No Brasil, equivale a 70 vezes o PIB de US$ 2,2 trilhões e o mercado de capitais responde por 30%. Isso significa que há espaço para se ocupar”. E afirmou que fintechs como a AmFi estão chegando com propostas mais eficientes do que as do mercado tradicional.
Nesse contexto, a tokenização continuará a ter um papel fundamental. “Chegou para facilitar o crédito”, disse Eônio Junior, sócio-fundador da poenatela. Isso porque faz as operações serem mais baratas, mais rápidas e mais transparentes, já que são monitoramento em tempo real e 24×7.
“Nada é mais seguro do que tokenização e isso fará diferença no futuro”, acredita Luis Fernando, Diretor Executivo da Teddy Open Finance, no painel que teve também Daniel Caldeira, sócio da Coruja Capital, Mateus Formento, presidente da Formento Securitizadora, e Guilherme Previdi, CEO do Grupo Baru.
“A securitização ainda roda de forma primitiva. O que a AmFi faz com blockchain, checando informações de forma automatizada, pode gerar um ganho de qualidade absurdo. Se o mercado melhorar as formas de controle, pode explodir”, completou Vinicius Stopa, CEO da Travessia Securitizadora.
Para Ana Luiza Fernandes, sócia e CMO da Grafeno, plataforma que sustenta a infraestrutura bancária para a movimentação entre credores e empresas, o crescimento da fintech só é possível devido às tecnologias, incluindo blockchain. “Antes, o desconto de recebíveis exigia liquidar uma carteira em mais de dez bancos e sem visualização da carteira”. A Grafeno atingiu R$ 400 bilhões em operações ao ano, opera com mais de 700 originadores e mais de 15 mil contas.
Reinaldo Rebelo, CEO do MB – Mercado Bitcoin, conversou com André Wetter, CEO da a55, Antônio Brito, CEO da Supersim, Francisco Lúcio, CEO da Up Vendas e Anderson Machado, CEO da B-invest, sobre como a AmFi contribui para agregar valor, permitindo a criação de produtos com mais segurança e agilidade. “A AmFi e o MB nos ajudaram a levar mais informação para o investidor, que acompanha as carteiras em tempo real”, disse André Wetter, CEO da a55.
Tatiana Guazzelli, sócia do Pinheiro Neto Advogados, ressaltou que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), assim como o Banco Central (BC), busca que o mercado suba de patamar. “Mas é necessário que as regulações das duas instituições conversem para não gerar insegurança. Em especial em tokenização de crédito, na qual o ativo nasce no mercado regulado pelo BC e se for tokenizado para oferta pública, se torna valor mobiliário, entrando no âmbito da CVM.”
“A realização desse evento, com a presença de pessoas tão importantes, nos mostra que existe muito espaço para o crescimento desse mercado. Já atingimos a marca de 757 milhões em ativos tokenizados e estamos certos de que chegaremos a US$1,5 bilhão antes do final do ano. Ficamos felizes em ver tantas empresas tendo boas experiências com a AmFi e animados em seguir oferecendo produtos inovadores e seguros”, resumiu Paulo David, CEO da AmFi.