Com a promessa de revolucionar as relações sociais e corporativas, o metaverso se esbarrou em dois desafios para se consolidar: infraestrutura cara e a chegada estrondosa de novas inteligências artificiais (IA). A plataforma deve ser retomada no futuro, mas atualmente deixou de ser foco das gigantes da tecnologia.
Em outubro de 2021, a maior empresa de redes sociais do mundo trocou de nome para Meta como sinalização de aposta no metaverso e o mundo voltou suas expectativas para a nova realidade virtual. O mercado financeiro não demorou a começar as especulações. Em pouco tempo, organizações dos mais diferentes setores abraçaram a ideia, mesmo ainda sem compreender bem o conceito. O movimento estimulou a criação de serviços e produtos voltados especificamente para o universo digital.
A empresa gastou bilhões de dólares mensalmente para manter o projeto vivo e, no final, teve que realizar cortes de gastos por meio do congelamento de 5 mil processos de contratação e a demissão de mais de 20 mil funcionários.
Com o crescente desinteresse do público, a saída da Disney do mercado de metaversos e, principalmente, o aumento de interesse e de pesquisas e desenvolvimento em IA no mundo, a Meta desistiu dos investimentos que fez ao longo dos últimos dois anos. No começo parecia promissor, mas após uma sequência de erros, este ano a empresa de Zuckerberg afirmou que “o foco para 2023 é em inteligência artificial, mensagens, criadores e monetização”.
Hoje o olhar do mercado está sob outras perspectivas, mas o metaverso não morreu. Apesar do assunto não ser tão promissor quanto parecia há um ano, o conceito ainda atrai empresas. No Brasil, o Banco 24Horas entrou no metaverso por meio do servidor MetaSoul. Já o Grupo Carrefour anunciou uma ação com jogos no metaverso, por meio da plataforma Sandbox.
As aplicações no metaverso de fato involuíram rapidamente. Há pouco tempo parecia que esse novo recurso estava prestes a explodir, mas o baque foi importante para revelar que essa é apenas uma tecnologia incipiente, que tem muito evoluir, e ainda pode trazer oportunidades no futuro.
O sonho do Vale do Silício era que o metaverso fosse uma extensão da vida, onde as pessoas poderiam conviver com avatares, negociar itens e, até mesmo, se casar e comprar terrenos. A ideia de que todo mundo abraçaria a proposta de ter uma representação virtual realmente fracassou, o hype passou, mas ainda existe um potencial a ser explorado de maneiras alternativas e aliada a IA, por exemplo.
*Por Fabiano Nagamatsu, CEO na Osten Moove