A pandemia de Covid-19 transformou o cenário empresarial global, forçando empresas a repensarem seus modelos de negócios. Mergulhada em um mundo B.A.N.I (Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível), a população percebe que as adversidades estão presentes a todo momento. Mesmo antes da pandemia, questões como disparidade de gênero e abismo social já eram uma realidade – desde o início do século XXI, a metade mais pobre da população mundial recebeu apenas 1% do aumento total da riqueza global. Depois de 2020, essas questões aumentaram e se tornaram impossíveis de ignorar, especialmente quando combinadas com os novos desafios trazidos pela crise. As adversidades afetam tanto fatores coletivos quanto individuais, impactando o presente e o futuro do trabalho.
De acordo com Rica Mello, especialista em gestão de empresas e fundador do grupo BCBF, com esse contexto formando parte do Trabalho 4.0, é essencial revisar o modelo educacional para desenvolver competências mais adequadas ao momento em crianças e jovens. “Além disso, é necessário considerar o envelhecimento populacional, pois a faixa etária de 65 anos ou mais é a que mais cresce no mundo, enquanto a taxa de natalidade diminui desde o século XX. Isso exige um enfrentamento do etarismo – preconceito baseado em estereótipos ligados à idade, que prejudica, entre outros aspectos, o acesso de pessoas com mais de 50 anos a oportunidades no mercado de trabalho”, comenta.
Em 2019, o Fórum Econômico Mundial já alertava para essas mudanças, destacando a necessidade urgente de requalificação e letramento digital, para que as pessoas possam ingressar, atuar e se manter profissionalmente ativas em meio à revolução tecnológica e crescente automação.
“A pandemia acelerou a necessidade de inovação nos modelos de negócios. Empresas que antes resistiam ao trabalho remoto, agora veem suas vantagens e buscam maneiras de integrar essas práticas em suas operações diárias. Adaptabilidade e resiliência são palavras de ordem,” completa o especialista. Ele acrescenta que, ao mesmo tempo, as empresas podem se deparar com oportunidades únicas para remodelar o ambiente corporativo e criar soluções que atendam às necessidades atuais, mas que também preparam as empresas para futuros desafios.
Para isso, projetos econômicos alternativos, juntamente com a Revolução 4.0 e a automação inevitável, propõem perspectivas mais flexíveis, autônomas e centradas na valorização do potencial e do capital humano. “A combinação entre homem e máquina demandará habilidades digitais e socioemocionais, formando supertimes híbridos”, conta Rica. De acordo com o relatório Future of Jobs 2020, do Fórum Econômico Mundial, 40% das habilidades essenciais podem mudar nos próximos cinco anos, o que coloca as empresas na posição de catalisadoras da aprendizagem intencional, focada em uma mentalidade de crescimento, para ajudar os profissionais a se manterem capacitados.
Com a transformação digital e a ascensão do trabalho remoto e PhyDigital (ambiente físico e digital), as companhias precisarão também atender a uma nova hierarquia de necessidades dos seus colaboradores, colocando em foco a saúde e o bem-estar deles. Além disso, será preciso gerenciar diversas modalidades de contratação para compor a força de trabalho, o que levará a uma nova forma de gestão de talentos e estilo de liderança. “As empresas terão que se adaptar rapidamente a essas mudanças para permanecerem competitivas e garantir que seus colaboradores estejam preparados para os desafios futuros”, conclui.
Desde 2020, o home office ganhou notoriedade e tornou-se uma das opções mais viáveis para que as empresas continuassem a produzir. Agora, o desafio é entender essa reação do mercado que acontece desde então e quais modelos de trabalho serão necessários para manter a produtividade com segurança, além das habilidades que esse colaborador precisa desenvolver para lidar com uma inovação acelerada, ambientes inclusivos e uma gestão que coloque em primeiro lugar a qualidade de vida de seus profissionais.