A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, é causada por um vírus que ataca o sistema nervoso e pode levar à paralisia permanente. Ela está controlada no Brasil desde 1994. Porém, com a baixa da taxa de vacinação nacional, a doença arrisca voltar. Segundo o Ministério da Saúde, a meta era atingir cerca de 13 milhões de crianças menores de cinco anos, mas os números de 2024 estão longe do esperado. Até agora, apenas 5,8% do público-alvo foi imunizado — equivalente a 614.787 doses aplicadas de um total de 10.524.882 crianças de até cinco anos.
“Antes da introdução das vacinas, a poliomielite era uma das doenças mais temidas, provocando surtos que deixavam milhares de crianças paralisadas todos os anos. A vacinação sistemática em massa tem sido a ferramenta mais eficaz na luta contra essa doença, resultando na erradicação da poliomielite em muitas partes do mundo,” afirma Dr. Alexandre Calandrini, Coordenador e Médico de Família do Time de Saúde da Sami.
A prevenção é um dos pilares da saúde pública e a vacinação é uma das estratégias mais efetivas para impedir a propagação de doenças infecciosas. As vacinas não apenas protegem os indivíduos que as recebem, mas também promovem a imunidade de grupo, ou imunidade coletiva, que ocorre quando uma proporção significativa da população é imunizada, reduzindo assim a probabilidade de transmissão do vírus. Isso é especialmente importante para proteger aqueles que não podem ser vacinados por motivos médicos, como bebês muito jovens ou pessoas com sistemas imunológicos comprometidos.
Atenção Primária à Saúde e educação da comunidade
Além da vacinação, a atenção primária à saúde desempenha um papel crucial na prevenção de doenças e na promoção da saúde. A APS é o primeiro ponto de contato das pessoas com o sistema de saúde e inclui serviços como educação em saúde, imunização, diagnóstico e tratamento precoce de doenças. Ela é essencial para garantir que as populações tenham acesso contínuo e adequado aos cuidados de saúde, prevenindo doenças e detectando problemas de saúde em estágios iniciais, quando são mais fáceis e menos custosos de tratar.
Segundo o especialista da Sami, a integração dessas frentes preventivas com os serviços de atenção primária à saúde exemplifica a importância de uma abordagem holística para o bem-estar da população. Campanhas de vacinação podem ser realizadas em centros de saúde primária, facilitando o acesso e aumentando as taxas de cobertura vacinal. Além disso, os profissionais de saúde APS podem educar as famílias sobre a importância dessa rotina para que não apareçam problemas que devam ser remediados tardiamente.
Adultos também precisam seguir o calendário vacinal
Embora a poliomielite seja mais frequente em crianças, ela pode ocorrer também em adultos que não foram vacinados contra a doença. Por isso, a importância de se manter sempre em dia com o calendário e doses necessárias para todas as doenças e em todas as fases da vida. Muitas doenças atingem todos os grupos de risco, como, por exemplo, a gripe, que com a queda de temperatura faz com que pessoas de todas as idades contraiam o vírus. A região que se reside, histórico de vacinação, doenças em tratamento, idade e atividades que se exerce são pontos que influenciam a necessidade de tomar ou não determinada dose. O ideal é acompanhar o calendário e verificar as indicações da campanha. Além disso, adultos portadores de doenças crônicas, como diabetes, podem correr um risco maior de contágio de certas doenças que podem ser evitadas com a vacinação. Conheça as mais indicadas para os adultos:
- Tríplice Bacteriana (difteria, tétano e coqueluche): é aplicada durante a infância, mas na adolescência e na vida adulta é necessário tomar o reforço com a vacina dupla, contra difteria e tétano, a cada 10 anos;
- Tríplice Viral (sarampo, caxumba e rubéola): também está no caderno de vacinação infantil, mas para quem não tomou na infância, é indicado tomar na vida adulta;
- Gripe: a vacina contra o vírus influenza é disponibilizada anualmente;
- HPV: a imunização contra o HPV está disponível para meninos e meninas de 9 a 14 anos, e para pessoas de 9 até 26 anos, incluindo pessoas imunossuprimidas;
- Febre-amarela: faz parte do calendário básico de vacinação da criança e do adulto, sendo obrigatória para pessoas que residam ou que pretendam viajar para áreas endêmicas da doença, como no norte do Brasil e alguns países da África.