16,8 milhões de pessoas. Esse é o número de brasileiros com diabetes, segundo o Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF). O dado coloca o Brasil em 5º lugar mundial de um ranking nada saudável, e a estimativa é que em 2030 esse número possa chegar a 21,5 milhões. E para todas essas pessoas, uma coisa em comum: medicamento de uso contínuo. E, apesar do programa público Farmácia Popular, que garante aos usuários medicamentos de forma gratuita, as vendas de remédios para o tratamento da doença permanecem em alta. É o que mostra levantamento realizado pela plataforma Consulta Remédios (CR), segundo maior e-commerce de produtos farmacêuticos do país, de acordo com relatório da SimilarWeb.
“Os medicamentos para tratamento da diabetes figuram hoje em 7º lugar dos remédios mais vendidos. Realizamos esse levantamento levando em consideração o primeiro semestre de 2024, mas historicamente é uma categoria que tem alto número de vendas e também de buscas”, conta a farmacêutica da plataforma, Karime Sleiman.
A plataforma, que tem uma média de 15 milhões de visitas por mês, registrou que, de janeiro a junho, o medicamento mais vendido foi o Glifage, medicamento usado tanto para a diabetes tipo 1 como para a tipo 2. “É um medicamento que reduz a quantidade de glicose produzida pelo fígado, ajudando o corpo a responder melhor à insulina”, explica a farmacêutica. Ainda, na plataforma é possível encontrar variações de preços que vão de R$ 29 a R$ 42, uma variação de 43,8%. Em segundo e terceiro lugar dos mais vendidos estão os medicamentos Suganon e Jardiance, ambos usados no tratamento da diabetes tipo 2.
“De forma simplificada, a diferença entre a diabetes 1 e 2 está no fato de que na primeira o paciente apresenta redução ou até mesmo a falta de produção de insulina, e é uma doença autoimune ou genética. Já a tipo 2 pode aparecer ao longo da vida e o paciente desenvolve uma resistência à ação da insulina. Essa é uma diabetes que pode ser evitada, e, infelizmente, estima-se que 90% dos diabéticos no país possuem a diabetes tipo 2”, diz Karime.
Mais buscados
Como forma de medir ainda o interesse do público, a CR analisou os medicamentos da categoria mais buscados e, em primeiro lugar figura o Ozempic, com mais de 240 mil buscas no semestre. No ano passado, também no primeiro semestre, a plataforma já havia identificado um aumento de até 91% nas buscas por medicamentos com o princípio ativo do Ozempic, a semaglutida.
“A gente notou uma queda nas buscas após todos os avisos sobre o perigo de uso de forma indiscriminada, como forma de tratamento na perda de peso. Mas ainda é um dos medicamentos mais buscados na plataforma”, diz a farmacêutica.
Em segundo lugar, com mais de 97 mil buscas, está o Forxiga, medicamento que controla os níveis de açúcar no sangue, e o Glifage – campeão de vendas -, com mais de 80 mil procuras. Ao considerar os dez medicamentos mais buscados, a CR encontrou mais de 687 mil buscas por medicamentos para diabetes.
“O comportamento de buscas e vendas normalmente possui diferenças, pois as buscas refletem não só o interesse de compra, mas também dúvidas, informações, e é importante entender isso. Foram mais de 687 mil buscas no primeiro semestre, e é um dado relevante não só para a plataforma, mas, sobretudo para entender de que forma o público se relaciona com esses remédios. Mesmo com todas as políticas públicas, acesso à informação, a diabetes ainda mata e pode levar a amputações, cegueira. É preciso falar sobre isso de forma recorrente como uma forma de conscientizar o público”, finaliza a farmacêutica.