Os distúrbios respiratórios do sono ocorrem em todas as faixas etárias e um dos principais deles é a apneia obstrutiva do sono (AOS), cuja estimativa é que afete um bilhão de pessoas no mundo . O Brasil é um dos dez países com maior número de indivíduos com essa condição.
Entre os riscos para apneia obstrutiva do sono podemos listar sobrepeso e obesidade, circunferência cervical aumentada, sexo masculino, meia-idade, diagnóstico de hipertensão arterial, uso de álcool ou medicações sedativas, anormalidades na via aérea e histórico familiar prévio.
Apesar dessas consequências, médicos e pacientes frequentemente têm uma baixa percepção da doença, já que muitas vezes os sinais e sintomas mais associados a AOS, roncos, apneias testemunhadas pelo companheiro de cama e sonolência excessiva diurna, são frequentemente negligenciados.
Com intuito de melhorar esse cenário de subdiagnóstico, a cidade de Araguari, em Minas Gerais, iniciou um projeto piloto em 2021, com apoio da ResMed, para melhorar a acesso da população ao serviço público. A cidade tinha a verba para o tratamento da AOS, mas não realizava os estudos de sono (diagnóstico). Era necessário o deslocamento dos pacientes para cidades vizinhas ou para a capital (BH), que possuíam o teste diagnostico, gerando inconvenientes ao paciente e alto custo para o município. A equipe de Atenção Básica da Saúde foi treinada e equipada para oferecer a linha completa de cuidados ao paciente com apneia obstrutiva do sono. Desde o início do programa, em 2021, foram realizados mais de 7.000 atendimentos da equipe multiprofissional com mais de 400 exames de diagnósticos e 230 pacientes em terapia com CPAP através. Atualmente, o projeto piloto passou a ser incorporado em toda Atenção Primária da Saúde da cidade.
“Há o engajamento com todas as equipes de Atenção Primária (médicos não especialistas) na Linha de cuidado. Além disso, o ambulatório de sono passou a ser área de estágio do curso de medicina da IMEPAC (faculdade privada da cidade) seguindo as diretrizes do SUS – Integração Ensino Serviço. De acordo com a médica Marislene Pulsena da Cunha Nunes, Coordenadora de Atenção Primária da Prefeitura Municipal de Araguari, a equipe multiprofissional é fundamental no processo de tratamento da apneia do sono. “O fisioterapeuta acompanha a utilização dos CPAPs, adaptando as máscaras para cada paciente. Já o nutricionista verifica a questão da alimentação, já que muitas vezes essa condição está ligada ao sobrepeso ou obesidade. E a adesão ao tratamento passa por questões psicológicas”.
A linha de tratamento da apneia do sono elaborada pela Secretaria de Saúde de Araguari, com apoio da ResMed, foi selecionada como uma das 96 experiências inspiradoras mundiais sobre a chamada de submissão como Ação Multissetorial (MSA) para a Prevenção e Controle de Doenças Não Transmissíveis (DCNT) e foi publicada na página da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Este é mais um passo importante para fortalecer as políticas públicas e servir de material de trabalho para ganhar escala com outros municípios e secretarias estaduais de saúde. É preciso também investir no treinamento de profissionais da saúde para que estejam capacitados a auxiliar pacientes com diagnóstico de apneia do sono”, destaca a Gerente Clínica para América Latina da ResMed, Cláudia Albertini.