Estilo de vida mais saudável a partir de medidas como a redução do tabagismo e adoção de estratégias de rastreamento voltadas para diagnóstico mais precoce com exames de mamografia, colonoscopia, Papanicolau e toque retal/PSA; contribuíram para evitar 4,75 milhões de mortes por câncer de mama, colo do útero, colorretal, pulmão e próstata nos Estados Unidos entre 1975 e 2020. O número corresponde a 80% do total de 5,9 milhões de óbitos por câncer evitados no período. O dado é de estudo publicado por pesquisadores do NIH’s National Cancer Institute (NCI), em dezembro de 2024, na revista científica JAMA Oncology.
O dado evidencia a maior contribuição da prevenção primária (evitar que a doença ocorra) e prevenção secundária (focada em promover diagnóstico mais precoce), como abordagens mais efetivas para a redução dos cinco tipos de câncer que mais levam ao óbito não só nos Estados Unidos, como no Brasil e no mundo em geral. “O estudo traz a importante mensagem de que Investir em campanhas de conscientização da população e em uma melhor estrutura na atenção primária à saúde é a medida mais eficaz para redução do impacto global do câncer”, ressalta o cirurgião oncológico e urologista Gustavo Cardoso Guimarães, diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e coordenador geral dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos do grupo BP-A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Neste estudo, os autores se basearam em dados de mortalidade, em nível populacional, seguindo modelos desenvolvidos e publicados pelos departamento de pesquisa e vigilância Cancer Prevention Interterventions e Surveillance Modeling Network do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos (NCI). Os dados do modelo foram analisados a partir de bases nacionais sobre fatores de risco, incidência de câncer, sobrevivência e mortalidade por outras causas, disseminação e efeitos da prevenção, triagem (para identificação do tumor e diagnóstico precoce) e tratamento.
Impacto variou entre os tipos de câncer
O estudo mostra que as contribuições individuais de prevenção, rastreamento e tratamento variam de acordo com o local do câncer:
- No câncer de mama, 1 milhão de mortes (de 2,71 milhões que teriam ocorrido na ausência de todas as intervenções) foram evitadas entre 1975 e 2020, com os avanços no tratamento contribuindo para três quartos das mortes evitadas e o rastreio mamográfico contribuindo para o resto.
- No câncer de pulmão, a prevenção por meio de esforços de controle do tabagismo foi responsável por 98% das 3,45 milhões de mortes evitadas (de 9,2 milhões), e os avanços no tratamento foram responsáveis pelo resto.
- No câncer do colo do útero, as 160 mil mortes evitadas (de 370 mil) foram inteiramente através do rastreio da doença por meio, por exemplo, do exame de Papanicolau e remoção de lesões pré-cancerosas.
- No câncer colorretal, das 940 mil mortes evitadas (de 3,45 milhões), 79% foram devidas ao rastreamento (com protagonismo da colonoscopia) e remoção de pólipos pré-cancerígenos. Os avanços no tratamento foram responsáveis pelos restantes 21%.
- No câncer de próstata, das 360 mil mortes evitadas (de 1,01 milhão), o rastreamento por meio do teste de PSA contribuiu com 56% e os avanços no tratamento contribuíram com 44%.
Na avaliação de Gustavo Guimarães, o trabalho reforça a importância de os gestores e demais tomadores de decisão em saúde pública no Brasil serem capazes de ampliar o acesso da população aos programas de rastreamento, além de avaliar o real impacto que traria a redução da faixa etária contemplada no rastreio, tendo em vista que há um aumento da incidência e mortalidade por câncer na população abaixo dos 50 anos. Apesar dos progressos, precisa haver um investimento significativo na prevenção e em estratégias de rastreamento, sendo isso parte de um plano abrangente para acelerar o progresso e reduzir ainda mais a mortalidade por câncer nos próximos anos.
Referência do estudo
Goddard KAB, Feuer EJ, Mandelblatt JS, Meza R, Holford TR, Jeon J, Lansdorp-Vogelaar I, Gulati R, Stout NK, Howlader N, Knudsen AB, Miller D, Caswell-Jin JL, Schechter CB, Etzioni R, Trentham-Dietz A, Kurian AW, Plevritis SK, Hampton JM, Stein S, Sun LP, Umar A, Castle PE. Estimation of Cancer Deaths Averted From Prevention, Screening, and Treatment Efforts, 1975-2020. JAMA Oncol. 2024 Dec 5:e245381. Disponível em https://jamanetwork.com/journals/jamaoncology/article-abstract/2827241.
Sobre o IUCR
O Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica Dr. Gustavo Guimarães – IUCR, criado em 2013, é especializado na prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação do paciente com câncer. A equipe médica é formada por profissionais altamente especializados em uro-oncologia, cirurgia oncológica e oncologia clínica, sob a liderança do cirurgião oncológico Dr. Gustavo Guimarães, que possui mais de 20 anos de atuação e dedicação à assistência do paciente, ao ensino e à pesquisa científica nessa área. Guimarães desenvolveu ampla experiência em tecnologias e procedimentos minimamente invasivos como cirurgia laparoscópica, ultrassom focalizado de alta intensidade-HIFU e cirurgia robótica, tendo desenvolvido um consistente Programa de Consultoria e Capacitação sobre Cirurgia Robótica para Instituições de saúde em todo o país, que engloba a implantação, o desenvolvimento das diversas técnicas cirúrgicas e a capacitação das equipes.