A cirurgia bariátrica tem sido uma das principais estratégias para o tratamento da obesidade grave e suas comorbidades. No entanto, seu sucesso depende não apenas do procedimento em si, mas de uma preparação adequada e de um acompanhamento contínuo. De acordo com dados do DATASUS, foram realizadas 80.441 cirurgias bariátricas no Brasil em 2023, sendo 7.570 pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Já segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), 3.830 procedimentos foram feitos no setor particular e outros 69.041 via planos de saúde. No primeiro semestre de 2024, o Ministério da Saúde registrou 6.008 cirurgias realizadas até julho.
Apesar dos benefícios na perda de peso e no controle de doenças associadas à obesidade, a cirurgia pode trazer riscos metabólicos, nutricionais e psicológicos que afetam a recuperação e a qualidade de vida dos pacientes. Segundo a médica integrativa Olívia Grimaldi, especialista em Patologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e diretora clínica da Integrative Vila Mariana/SP, a Medicina Funcional Integrativa oferece uma abordagem ampla e preventiva, essencial para otimizar a saúde antes da cirurgia e evitar complicações no pós-operatório.
“A maioria dos pacientes chega ao procedimento com processos inflamatórios crônicos, desequilíbrios hormonais e déficits nutricionais que podem comprometer os resultados. Nosso trabalho é preparar o organismo para essa grande mudança, corrigindo essas questões de forma individualizada e garantindo um pós-operatório mais seguro e eficaz”, explica Dra. Olívia.
A importância do suporte nutricional, metabólico e emocional no pós-operatório
Após a cirurgia, o corpo passa por uma série de adaptações que exigem acompanhamento constante. Segundo a Dra. Olívia, o procedimento reduz drasticamente o espaço de absorção de nutrientes no estômago e intestino delgado, o que pode levar a deficiências nutricionais importantes se não houver um suporte adequado. “Os tipos mais comuns de cirurgia bariátrica são o bypass gástrico e a gastrectomia vertical. No bypass, há um desvio do trânsito intestinal, reduzindo a absorção de nutrientes. Já na gastrectomia vertical, conhecida como sleeve, parte do estômago é retirada, diminuindo a produção de hormônios ligados à fome e à digestão. Em ambos os casos, é essencial um acompanhamento nutricional rigoroso para evitar complicações a longo prazo”, explica.
Ela ressalta que deficiências de ferro, vitamina B12, cálcio, vitamina D e zinco são frequentes após a cirurgia e precisam ser corrigidas com suplementação para evitar anemia, osteoporose e problemas relacionados ao sistema nervoso central. Além disso, antioxidantes como a vitamina C e a vitamina E ajudam na cicatrização e no fortalecimento do sistema imunológico. O controle dos níveis de glicose e hormônios, como os da tireóide, também é essencial para evitar complicações como hipoglicemia reativa e alterações metabólicas que podem levar ao reganho de peso. O suporte emocional também desempenha um papel fundamental no sucesso do tratamento, ajudando os pacientes a lidarem com a mudança na relação com a alimentação e o corpo. “O acompanhamento psicológico, com técnicas como terapia cognitivo-comportamental e mindfulness, auxilia na adaptação à nova rotina e na manutenção dos resultados a longo prazo”, destaca a Dra. Olívia.
Pacientes que recebem acompanhamento integrativo antes e depois da cirurgia apresentam melhores resultados na manutenção do peso e no controle de doenças associadas à obesidade, além de menor risco de complicações metabólicas e nutricionais. Para a Dra. Olívia, o grande diferencial da abordagem integrativa está na promoção da autonomia do paciente: “A cirurgia é um passo importante, mas sem um cuidado contínuo com alimentação, suplementação e bem-estar emocional, os desafios permanecem. Nosso objetivo é garantir que a bariátrica seja uma ferramenta para uma vida mais saudável e equilibrada.”