A menopausa é um período natural na vida das mulheres, mas traz consigo mudanças hormonais significativas que podem afetar o corpo de diversas maneiras, incluindo o metabolismo e a distribuição de gordura. Uma pesquisa do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (FMUSP) revela que 70% das mulheres ganham peso na menopausa.
A médica endocrinologista Milene Guirado explica que, embora muitas mulheres experimentem sintomas como ondas de calor, irritabilidade e diminuição da libido, o impacto no emagrecimento e no ganho de peso é um dos desafios mais comuns durante essa fase.
“Durante a menopausa, a queda nos níveis de estrogênio, progesterona e testosterona afeta diretamente o metabolismo. A redução do estrogênio favorece o surgimento de osteoporose também, em mulheres com maior predisposição a esta condição. Além disso há acúmulo de gordura abdominal, especialmente visceral, que aumenta o risco cardiovascular. A diminuição da progesterona pode causar insônia, fadiga e estresse, dificultando o emagrecimento. Além disso, o acúmulo de gordura visceral pode levar à resistência à insulina, aumentando o risco de diabetes tipo 2.”
A especialista em emagrecimento ainda explica que a menopausa está diretamente relacionada ao ganho de peso, especialmente na região abdominal. De acordo com a médica, a combinação de fatores como a diminuição dos hormônios (como o estrogênio), a redução do metabolismo, a mudança nos hábitos alimentares e a diminuição da atividade física contribuem para esse fenômeno.
“Antes da menopausa, o estrogênio ajuda a distribuir a gordura de forma mais equitativa pelo corpo, favorecendo depósitos subcutâneos nas coxas e quadris. Porém, com a diminuição desse hormônio, a gordura tende a se acumular principalmente na região abdominal, na forma de gordura visceral. Além do desconforto estético, essa mudança é um fator de risco para doenças cardiovasculares. Vale lembrar que nem todas as mulheres enfrentam o ganho de peso da mesma maneira. Mulheres com estilo de vida mais saudável e ativo podem evitar esse ganho”, pontua.
Desafios para o emagrecimento
Milene Guirado ainda lembra que a queda da progesterona pode ter um impacto mais sutil no emagrecimento, mas não menos relevante. A progesterona ajuda a regular o sono e o relaxamento, e sua diminuição pode resultar em insônia, estresse e irritabilidade, fatores que podem dificultar a adoção de hábitos saudáveis, como a prática de exercícios e a alimentação balanceada.
“As principais dificuldades enfrentadas pelas mulheres na menopausa em relação ao emagrecimento incluem o desânimo, fadiga e falta de motivação, que dificultam mudanças no estilo de vida, como melhorar o sono e praticar exercícios regulares. Além disso, a falta de tratamento adequado para a menopausa, como a reposição hormonal, também é um desafio. Muitos médicos têm receio de prescrever a reposição devido a estudos antigos, mas novas abordagens de tratamento estão disponíveis. Para mulheres que não podem fazer reposição hormonal, outras opções terapêuticas estão disponíveis. Procurar um endocrinologista especializado no emagrecimento durante a menopausa é fundamental para obtenção de bons resultados e de uma boa qualidade de vida”, observa.
Reposição hormonal e controle de peso
A endocrinologista destaca que a combinação de alimentação balanceada e exercício físico regular é essencial para evitar o ganho de peso e promover o emagrecimento. A alimentação deve ser focada na recuperação ou ganho de massa magra, enquanto os exercícios resistidos, como musculação, são fundamentais para preservar a massa muscular, que tende a diminuir com a menopausa.
“A terapia de reposição hormonal (TRH) pode ajudar a reduzir um novo acúmulo de gordura abdominal, melhorando a disposição e outros sintomas da menopausa, como alterações de humor e insônia. No entanto, a TRH não é uma solução mágica para a perda de peso. Ela pode facilitar o processo de emagrecimento ao aliviar sintomas que, de outra forma, tornariam as mudanças de estilo de vida mais desafiadoras. A escolha da terapia e da via de administração deve ser cuidadosamente avaliada por um médico”, alerta.
A médica ainda lembra que o estresse crônico pode aumentar os níveis de cortisol, o hormônio que favorece o armazenamento de gordura, principalmente na região abdominal. Além disso, o estresse e as emoções desreguladas podem levar ao comportamento alimentar impulsivo ou à perda de controle, agravando o ganho de peso. É fundamental, portanto, aprender a gerenciar o estresse e as emoções para manter a saúde e o peso sob controle.
“Fatores genéticos podem predispor algumas mulheres ao ganho de peso, mas o ambiente desempenha um papel crucial. Mulheres que vivem em ambientes que favorecem escolhas saudáveis (como uma dieta equilibrada e a prática de atividades físicas) têm mais chances de evitar o ganho de peso, mesmo com uma predisposição genética. Portanto, criar um ambiente favorável à saúde é fundamental para prevenir a obesidade”, conclui.