Durante a gestação, as mulheres passam por mudanças hormonais que podem afetar a saúde bucal. Isso porque os hormônios femininos, como o estrógeno e a progesterona, podem causar inflamação e sangramento nas gengivas, o que é chamado de gengivite gravídica.
De acordo com um estudo feito pela Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), problemas periodontais como inflamação ou infecção na gengiva podem afetar até 83% das gestantes. Isso acontece porque as alterações hormonais comuns do período podem agravar as condições de doenças desse tipo.
Essas mudanças hormonais são exclusivas do sexo feminino e podem ocorrer em diferentes momentos da vida, como na menstruação, gravidez, uso de anticoncepcionais e menopausa. Por isso, é importante que as mulheres fiquem atentas à saúde bucal em todas as fases da vida e realizem exames odontológicos preventivos regularmente.
Os especialistas do Ministério da Saúde explicam que essa condição periodontal é clinicamente semelhante a uma gengivite causada por placa. Entre os principais sintomas estão gengiva de coloração avermelhada, inchada, com sangramento ao simples toque ou durante a escovação.
Vale lembrar que os enjoos e vômitos frequentes na gestação aumentam a acidez bucal e favorecem o desenvolvimento de bactérias. Como isso potencializa os problemas periodontais já existentes, fazer o pré-natal bucal se torna cada vez mais importante.
A saúde bucal deve ser uma preocupação constante para todas as pessoas, mas durante a gestação, essa atenção deve ser redobrada a predisposição a problemas bucais.
A cirurgiã-dentista, especialista em saúde bucal e periodontia, Dra. Bruna Conde, explica que a doença periodontal é uma condição inflamatória que acomete as estruturas de suporte dos dentes, como a gengiva, o osso e o ligamento periodontal. Ela é causada pelo acúmulo de placa bacteriana nos dentes e pode levar à perda dos dentes se não for tratada adequadamente.
Vários estudos indicam uma associação direta entre a doença periodontal e complicações na gravidez, como baixo peso ao nascer, mortalidade perinatal e parto prematuro. Isso ocorre porque a inflamação crônica na gengiva pode desencadear um processo inflamatório sistêmico, que pode afetar o feto e aumentar o risco de complicações.
É importante destacar que as mulheres grávidas têm uma maior tendência a desenvolver doença periodontal devido às alterações hormonais que ocorrem durante a gestação. O aumento dos níveis de progesterona e estrogênio pode levar a uma maior vascularização da gengiva, tornando-a mais suscetível a infecções bacterianas.
Além disso, o aumento do apetite e a mudança na dieta durante a gravidez podem contribuir para o aumento do risco de cárie dentária. Por isso, é importante que as gestantes mantenham uma boa higiene bucal, escovando os dentes, utilizando o fio dental diariamente, realizando limpeza na língua e realizando visitas regulares ao dentista que entenda sobre o pré-natal odontológico.
“Os profissionais de saúde devem estar cientes da relação entre a doença periodontal e resultados adversos na gravidez, a fim de fornecer informações precisas aos pacientes. As mulheres grávidas devem ser orientadas sobre os sinais de doença periodontal, como gengivas vermelhas, inchadas ou que sangram. O diagnóstico e tratamento precoce da doença periodontal durante a gestação são fundamentais para minimizar o risco de complicações.” Destaca a Dra. Bruna Conde.
“É importante destacar que, se a gravidez ainda está na fase de planejamento, um cuidado essencial é ir ao dentista e resolver todos os problemas bucais antes de engravidar. Assim, é possível prevenir problemas que possam causar complicações durante a gestação. Porém, se a gestação já se iniciou, é imprescindível um acompanhamento odontológico efetivo com os cuidados necessários para evitar problemas para a gestante e até mesmo para o bebê.” Finaliza a Dra. Bruna Conde.