Neste 20 de março comemora-se o Dia Mundial da Saúde Bucal, criado para conscientizar a população sobre a importância dos cuidados odontológicos. O Brasil figura como o país com o maior número de dentistas no mundo, são cerca de 372 mil pessoas formadas, segundo o CFO (Conselho Federal de Odontologia), ou seja, de acordo com a média populacional no mundo, um em cada cinco profissionais é brasileiro. “Um dentista para cada 570 pessoas, aproximadamente”, resumiu a Cirurgiã-Dentista, Ana Rita Sanches.
Apesar deste percentual, a demanda por melhorias na saúde bucal dos brasileiros continua sendo maior do que a oferta. De acordo com a pesquisa “Percepções Latino-americanas sobre Perda de Dentes e Autoconfiança”, realizada pela consultoria internacional Edelman Insights, a perda de dentes é o segundo fator que mais prejudica a vida de pessoas com idade entre 45 e 70 anos na região. A pesquisa ouviu 600 pessoas na América Latina, 151 deles brasileiros, e reforça que a perda de dentes impede os entrevistados de ter um padrão de vida mais saudável e ativo. Essas estimativas também indicam que 41,5% da população chega aos 60 anos de idade com a arcada totalmente comprometida.
“Quando partimos para o recorte da população mais carente, realmente, vejo que precisamos ter um olhar diferenciado por parte dos nossos governantes mesmo, no sentido de promover políticas públicas que garantam o acesso de qualidade aos profissionais da área, ainda mais tendo no Brasil as melhores instituições de ensino de odontologia do mundo ”, avaliou Ana Rita.
A afirmação feita pela Dra. tem base em um estudo da organização internacional Center for World University Rankings (CWUR), que identifica as melhores instituições de ensino do mundo em cada área do conhecimento, o Brasil possui três das 10 melhores faculdades de odontologia do mundo. Segundo o ranking, a Universidade de São Paulo (USP) é a melhor do planeta; a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) figura em quarto e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) em quinto. A Universidade de Harvard/EUA (2º) e a Universidade de Berna/Suíça (3º) completam o Top Five.
Democratizando o acesso à saúde bucal
Com foco nas pessoas menos favorecidas e mais necessitadas de trabalhos odontológicos, a Dra. Ana Rita Sanches é idealizadora do projeto “Sorrindo na Amazônia”. “Nós atendemos a população ribeirinha, de localidades mais distantes que possuem diversas dificuldades em chegar a um dentista”, relatou.
Durante a última edição do projeto, mais de 277 famílias de comunidades como a do Mauazinho, Rosarinho, São Lourenço, Ubim, Espírito Santo, e algumas outras nas redondezas, foram assistidas e contaram também com a presença de médicos, farmacêuticos, fisioterapeutas, entre outros profissionais.
“Vivemos numa bolha, literalmente. Muitas pessoas pelo interior do Estado, não possuem nem escova de dentes, por exemplo, ou dividem uma só para toda a família. São pessoas que quando têm um problema com os dentes, acabam extraindo. Os dentes são muito importantes, estão ligados a toda a corrente sanguínea e ajudam até mesmo a abrir portas. Queremos devolver o sorriso das pessoas”, disse ela sobre a experiência pela Amazônia a bordo do barco-saúde.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ibope mostram que, no Brasil, 39 milhões de pessoas utilizam prótese dentária. Além dos mais, os números indicam que 16 milhões de brasileiros vivem sem nenhum dente. “Um enorme paradoxo visto termos aqui uma gama de especialistas capacitados, além de estruturas cada vez mais modernas de atendimento, falta mais informação e mais fomento de políticas públicas que efetivamente resolvam essa problemática”, ponderou Sanches.
Contando com tecnológicos e modernos equipamentos em seu consultório, a especialista declara que, apesar das técnicas inovadoras que possui, seu maior legado consiste em ajudar quem de fato precisa e convoca todos a se unirem a ela na causa. “Sabemos que a qualidade de vida de uma pessoa tem muito a ver com a saúde bucal. Os dentes têm papel fundamental no corpo humano, seja para ter um sorriso bonito ou desenvolver tarefas básicas do dia a dia como alimentar-se, por exemplo, os dentes precisam estar firmes e na boca, portanto, eu convido meus colegas dentistas a emprestarem uma parte do seu tempo e se dedicarem a fazer a diferença, nem que seja um pouco, na vida de alguém. Boas ações geram boas ações. Às vezes uma coisa que é tão indiferente para nós, faz a diferença para quem precisa”, concluiu.
Nas redes sociais é possível encontrar e saber mais sobre o Projeto por meio do Instagram: @sorrindonaamazonia_.