A dengue é uma arbovirose causada por vírus transmitidos pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Essas espécies, introduzidas no Brasil, se adaptaram bem ao ambiente urbano, aproveitando criadouros artificiais e condições climáticas favoráveis. O ciclo de vida do mosquito, composto por quatro estágios — ovo, larva, pupa e adulto —, ocorre em cerca de 7 a 10 dias, dependendo das condições ambientais. As fêmeas adultas transmitem o vírus ao realizar o repasto sanguíneo, essencial para a maturação de seus ovos. Os ovos são extremamente resistentes e podem permanecer viáveis por meses, garantindo a perpetuação do vetor em ambientes favoráveis.
A transmissão ocorre quando mosquitos fêmeas infectados picam humanos, inoculando o vírus. Após a infecção, o vírus se replica no organismo humano, resultando em viremia. Outros mosquitos que picam pessoas infectadas perpetuam o ciclo. Além dos humanos, animais silvestres, como primatas, atuam como reservatórios naturais do vírus, permitindo sua manutenção e reintrodução em áreas urbanas.
O desmatamento agrava a circulação de novos vírus ao destruir habitats naturais, forçando animais silvestres a migrarem para áreas próximas ao homem, o que aumenta o contato com humanos e vetores. Esse deslocamento facilita o contato entre animais silvestres, mosquitos vetores e humanos, criando condições ideais para a transmissão de novos vírus e o surgimento de surtos. Áreas desmatadas também apresentam condições que favorecem a proliferação dos mosquitos.
Os sintomas da dengue incluem febre alta, dores musculares e articulares, náuseas, manchas vermelhas e cansaço. Casos graves podem evoluir para dengue hemorrágica, resultando em hemorragias e choque, com risco de morte. O vírus possui quatro sorotipos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4), e infecções secundárias por sorotipos diferentes aumentam o risco de complicações graves.
Em casos graves, pode evoluir para a dengue hemorrágica, uma complicação séria que ocorre devido à interação entre anticorpos de sorotipos diferentes do vírus. Por exemplo, uma pessoa que teve dengue pelo DENV-1 pode desenvolver uma forma mais severa ao ser infectada pelo DENV-3, ou por outra combinação de sorotipos. Essas interações aumentam a permeabilidade dos vasos sanguíneos, levam à diminuição das plaquetas (responsáveis pela coagulação do sangue) e resultam em extravasamento de plasma, hemorragias e queda brusca na pressão arterial. Esse quadro clínico grave exige tratamento médico imediato, pois pode levar ao choque e ser fatal.
Em termos preventivos, a eliminação de criadouros é a medida mais eficaz. Também são recomendados o uso de repelentes, proteção física e campanhas de conscientização. O Ministério da Saúde promove vacinação com a Dengvaxia, indicada para pessoas previamente infectadas. Ela é recomendada para pessoas de 9 a 45 anos de idade que já foram previamente infectadas pelo vírus, oferecendo proteção adicional em populações com risco elevado de infecção.
Nos primeiros dias de 2025, o estado do Rio de Janeiro já registrou 810 casos prováveis de dengue, com 50 internações e nenhum óbito confirmado até o momento. Os dados são atualizados no sistema Monitora RJ. Em 2024, foram contabilizados 302.316 casos, com 9.703 internações e 232 óbitos, enquanto em 2023 houve 51.501 casos e 33 óbitos. A secretária de Estado de Saúde, Claudia Mello, destacou o aumento de 16,72% dos casos em 2025 comparado a 2023, alertando para a necessidade de intensificar ações preventivas.
No início de 2025, foi confirmado um caso de dengue tipo 3, sorotipo que não circulava de forma predominante no estado desde 2007. A paciente, uma mulher de 60 anos, foi notificada no município do Rio de Janeiro. Este sorotipo preocupa devido à alta parcela da população sem imunidade prévia. Os sintomas da dengue tipo 3 são semelhantes aos de outros sorotipos, incluindo febre, dores no corpo e manchas na pele.
A população tem papel essencial na eliminação de focos do mosquito, como água acumulada em recipientes e caixas d’água descobertas. Cada um de nós tem o poder de prevenir a dengue: dedique alguns minutos da sua semana para eliminar focos de água parada em sua casa e arredores. Com pequenas atitudes, podemos proteger nossas famílias, nossos vizinhos e ajudar a evitar uma epidemia. Juntos, fazemos a diferença.