De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil alcançou a marca de mais de 3,5 milhões de casos prováveis de dengue apenas no ano de 2024. Junto da epidemia, é importante destacar a relação entre o aumento de doenças virais e os sintomas neurológicos irreversíveis em pacientes já afetados com outras condições associadas, como por exemplo, a hérnia de disco.
Um estudo publicado no periódico científico Archives of Virology destacou que os vírus são responsáveis por diversas epidemias e até pandemias, e alguns deles podem causar danos irreversíveis ao sistema nervoso.
No caso específico da dengue, o fisioterapeuta e osteopata, Dr. Laudelino Risso afirma que, embora o sistema imune atue na defesa, há evidências de que a carga viral faça com que as sobrecargas que estejam no líquido cefalorraquidiano sejam capazes de afetar, de uma maneira direta, as questões da bainha de mielina, que são as partes que desenvolvem e recobrem o sistema nervoso.
“E esses nervos, que também estão afetados pela patologia de uma hérnia de disco, por exemplo, podem crescer de forma exagerada. Ou seja, o indivíduo que já estava com a hérnia acaba sendo sobrecarregado com as duas condições”, pontua.
É por isso que, em muitos casos graves em que o paciente possui uma hérnia de disco, ele pode vir a desenvolver uma encefalite, uma síndrome de Guillain-Barré, e até outras neuropatias periféricas, que causam sintomas como dormência nas pernas, persistente até mesmo após meses do diagnóstico de dengue.
Sintomas combinados
Essa sobrecarga ocasionada pela união da dengue e da hérnia de disco ainda não possui uma causa conhecida, embora alguns médicos desconfiem, por meio de pesquisas, que os agentes virais dessas condições atuem diretamente nos fluidos sinoviais, encontrados nas articulações. Eles consequentemente levariam a dores crônicas na lombar, no tórax, bem como na cervical.
De acordo com Risso, quando ocorre uma infecção viral pela dengue, muitas vezes o dano direto pode acontecer pela própria reação dos nervos. “Os antígenos virais também sobrecarregam os componentes do sistema nervoso central como um todo. Isso pode fragilizar as doenças neurológicas, e no caso de uma hérnia, o agravante é que pode não só aumentar os sintomas, mas, às vezes, acentuar de tal forma que, mesmo após o tratamento, sintomas como formigamento e fraqueza nas pernas podem persistir”, ressalta.
Além disso, a tonicidade muscular também seria afetada. Segundo o fisioterapeuta, a mialgia (dor muscular) está associada às reações virais, e podem ser aumentadas no processo de reabilitação. “E nesses casos, não é somente a questão viral que está envolvida, mas também a desidratação do organismo devido à dengue. Quanto menos hidratado o corpo está, maior a sobrecarga muscular”, adverte.
Tratamento em partes
A partir do momento que a dengue entra em um estágio de contaminação, a reação do sistema imunológico vai afetar questões como o estado febril, as dores articulares e musculares, além de outras sobrecargas sistêmicas.
Por esse motivo, Risso sugere que o paciente busque por auxílio médico para o tratamento imediato da dengue, assim que os exames que apontem a subida das plaquetas possam evoluir no tratamento da discopatia vertebral.
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