O Brasil registrou 117.772 mortes por doenças cardiovasculares, este ano. Os dados, do período de janeiro a 16 de abril, são do Cardiômetro, da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Até o final de 2024, as doenças do coração e da circulação, que representam as principais causas de morte no Brasil, deverão responder por mais de 400 mil óbitos no país.
Ainda conforme a SBC, são mais de 1.100 mortes por dia, cerca de 46 por hora, uma a cada 1,5 minutos (90 segundos), o dobro das provocadas por todos os tipos de câncer, três vezes mais que todas as doenças respiratórias e 6,5 vezes mais que todas as infecções, incluindo a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids).
Obesidade, sobrepeso, tabagismo, sedentarismo, alimentação não saudável e excesso de bebida alcoólica estão entre os principais fatores que provocam as doenças coronárias adquiridas. “Isso, somado às doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e dislipidemia, potencializa ainda mais, tornando muito o alto índice de doenças coronárias”, afirma o cardiologista Edival Oliveira Júnior, diretor técnico do Hospital Universitário Francisca Mendes, da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM).
Ele destaca que os diabéticos são considerados de alto risco, com duas a quatro vezes mais chance de evoluir para o infarto. A doença isquêmica do coração (infarto do miocárdio) é a mais mortal entre todas as doenças cardiovasculares no Brasil e no mundo, com uma média de 75 mortes por 100 mil habitantes.
“As doenças cardiovasculares se desenvolvem ao longo da vida, tendo como principais sintomas a dor ou desconforto no peito, que pode irradiar para braços, ombro esquerdo, mandíbula ou costas, comumente iniciadas após esforço físico ou estresse emocional”, ressalta o cardiologista.
Ele observa, também, que existe um grupo de indivíduos com sintomas atípicos, como as mulheres, idosos, portadores de doença renal e transplantados, que podem apresentar dificuldade em respirar ou falta de ar, sensação de enjoo ou vômito, sensação de desmaio ou tontura, suor frio e palidez.
De acordo com o cardiologista, a prevenção segue sendo a principal arma de combate. Ele recomenda prática de atividade física regular, não fumar, adotar alimentação balanceada, sono reparador, controle da obesidade e de outras doenças crônicas.
Doenças Cardiovasculares que mais matam
As doenças do coração, segundo explica a secretária estadual de Saúde, Nayara Maksoud, preocupam as autoridades de saúde no mundo todo. No Amazonas, também estão entre as prioridades da rede pública, uma área que está recebendo reforço e atenção do Governo do Amazonas. “O alerta é para a prevenção e para que os pacientes com doenças crônicas não deixem de seguir o tratamento indicado pelos médicos”, pontuou.
A doença isquêmica do coração (infarto do miocárdio) é a mais causa óbitos, entre todas as doenças cardiovasculares, no Brasil e no mundo, com uma média de 75 mortes por 100 mil habitantes. Em seguida vem as doenças cerebrovasculares, com 58 mortes por 100 mil habitantes e a cardiopatia hipertensiva, com 13,4 mortes por 100 mil habitantes.
A cardiomiopatia e a miocardite, somadas às doenças cardiovasculares circulatórias, fecham o grupo das cinco doenças cardiovasculares que respondem pelo maior número de óbitos no país, com 9,4 e 4,6, respectivamente.
Os dados foram apresentados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, em dezembro do ano passado, mas fazem referência aos resultados de 2019. Ainda de acordo com a SBC, nos últimos 30 anos houve um aumento exponencial da incidência e mortalidade por doenças cardiovasculares, de 594 mil pessoas em 1990 para 1,1 milhão em 2019.
A SBC frisa, contudo, que os números refletem o aumento da população e que, se analisados os casos para cada grupo de 100 mil pessoas, houve uma redução significativa de 593,7 indivíduos em 1990 para 475 em 2019, refletindo novas políticas públicas de enfrentamento, avanço das tecnologias, tratamentos e medicamentos e uma melhor assimilação, por parte da população, de cuidados preventivos e condutas de bem-estar e prevenção.
Causas mais frequentes
Sobrepeso e Obesidade: O excesso de peso corporal, especialmente quando concentrado na região abdominal, está associado a um maior risco de desenvolver doenças coronárias. A obesidade está relacionada a desequilíbrios metabólicos, como níveis elevados de colesterol e glicose no sangue, que podem levar à formação de placas nas artérias coronárias.
Sedentarismo: A falta de atividade física regular está diretamente ligada ao aumento do risco de desenvolver doenças coronárias. O exercício ajuda a manter um peso saudável, controlar a pressão arterial, melhorar os níveis de colesterol e reduzir o estresse, todos fatores importantes na prevenção das doenças cardíacas.
Alimentação não saudável: Uma dieta rica em gorduras saturadas, açúcares refinados, sódio em excesso e pobre em frutas, vegetais e fibras, pode contribuir para o desenvolvimento de doenças coronárias. Esses alimentos podem levar ao acúmulo de placas nas artérias e aumentar os níveis de colesterol ruim no sangue.
Tabagismo: É um dos principais fatores de risco modificáveis para as doenças coronárias. Os produtos químicos presentes no cigarro danificam as paredes dos vasos sanguíneos, aumentam a pressão arterial, reduzem a capacidade do sangue de transportar oxigênio e promovem a formação de coágulos sanguíneos.
Cardiômetro
É um indicador do número de mortes por doenças cardiovasculares no País, criado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.