O câncer de pâncreas é um dos tipos mais agressivos e silenciosos de neoplasias malignas, caracterizadas pelo crescimento anormal e descontrolado de células, representando um desafio significativo para a medicina moderna. Recentemente, o diagnóstico do câncer de pâncreas no guitarrista Tony Bellotto, membro da banda Titãs, trouxe visibilidade à gravidade dessa doença.
Assim como outros famosos que enfrentaram o mesmo desafio, Bellotto se depara com as incertezas comuns a essa condição, especialmente em relação à expectativa de vida e à resposta ao tratamento. Cada caso é único, e o prognóstico depende diretamente do estágio do câncer no momento do diagnóstico e da resposta individual às terapias adotadas.
Caracterizado pelo desenvolvimento de células anormais no tecido pancreático, esse tipo de câncer frequentemente é diagnosticado em estágios avançados, o que dificulta o tratamento e impacta diretamente na qualidade de vida dos pacientes.
Os sintomas do câncer de pâncreas geralmente não são específicos nas fases iniciais, o que contribui para o diagnóstico tardio. Entre os sinais mais comuns estão a icterícia, caracterizada pela pele e olhos amarelados devido à obstrução do ducto biliar, dor abdominal e nas costas muitas vezes persistente e sem causa aparente, perda de apetite e emagrecimento acentuado, além de náuseas, vômitos, fezes esbranquiçadas e urina escura. Esses sintomas podem ser facilmente confundidos com outras condições, o que reforça a importância de exames complementares em casos suspeitos.
A cirurgia é a principal opção de tratamento curativo para o câncer de pâncreas, especialmente em tumores localizados. O procedimento mais comum é a cirurgia de Whipple, que envolve a remoção da cabeça do pâncreas, parte do intestino delgado, vesícula biliar e parte do ducto biliar. Para tumores no corpo e cauda do pâncreas, pode ser indicada a pancreatectomia distal. No entanto, muitos pacientes não são candidatos à cirurgia curativa devido à extensão da doença. Nesses casos, procedimentos paliativos podem ser realizados para aliviar sintomas, como a colocação de stents biliares para reduzir a icterícia.
Embora o câncer de pâncreas seja o tipo mais comum e agressivo, existem outros tipos de neoplasias pancreáticas, como os tumores neuroendócrinos, que podem ter um prognóstico mais favorável. Quando diagnosticados precocemente, esses tumores podem ser tratados com cirurgia e, em alguns casos, com terapias direcionadas, permitindo uma expectativa de vida significativamente maior.
A qualidade de vida dos pacientes com câncer de pâncreas depende de diversos fatores, incluindo o estágio da doença, o tratamento adotado e o suporte multidisciplinar. Cuidados paliativos, fisioterapia, suporte nutricional e acompanhamento psicológico são fundamentais para promover o bem-estar e o conforto dos pacientes. Mesmo em casos avançados, é possível melhorar a qualidade de vida com uma abordagem integral e personalizada.
O câncer de pâncreas continua sendo um desafio na oncologia devido ao seu diagnóstico tardio e à agressividade da doença. No entanto, avanços nas técnicas cirúrgicas, nas terapias adjuvantes e nos cuidados paliativos oferecem esperança para melhorar o tratamento e a qualidade de vida dos pacientes. A conscientização sobre os sintomas e a importância do diagnóstico precoce são fundamentais para enfrentar essa enfermidade com mais eficácia.
*Por Alessandro Castanha da Silva é biólogo, especialista em Microbiologia Clínica e professor dos cursos da Área de Saúde