Encerrando a campanha Janeiro Roxo, profissionais de saúde da Prefeitura de Manaus participaram na manhã desta terça-feira, 31/1, de uma caminhada que percorreu as ruas do bairro Colônia Antônio Aleixo, zona Leste, promovida em parceria com o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan).
Segundo a chefe do Núcleo de Controle da Hanseníase, enfermeira Ingrid Santos, a caminhada reuniu profissionais dos Distritos de Saúde (Disas) Norte, Sul, Leste, Oeste e Rural, finalizando a intensificação das ações do Janeiro Roxo, executadas durante o mês para a prevenção e controle da hanseníase em Manaus.
“Os resultados da campanha foram excelentes e mostraram que a população está mais alerta e procurando mesmo os serviços de saúde para saber o que realmente têm. Agora, continuamos as ações de prevenção e controle da hanseníase que são realizadas de janeiro a janeiro na rede municipal, com um trabalho voltado para criar mais campos de investigação de casos, busca ativa, oferta de exames e detecção de novos casos. O objetivo final é que Manaus possa controlar a doença e com certeza chegar ao momento de eliminação da hanseníase no município”, afirmou Ingrid.
Em 2022, o município de Manaus registrou 111 casos novos de hanseníase, apresentando uma taxa de detecção de 4,92/100.000 habitantes, com sete casos novos em menores de 15 anos. Este ano, o município já registrou cinco casos confirmados da doença e outros oito estão em investigação para finalizar o diagnóstico.
A programação de janeiro incluiu uma nova etapa de aplicação do Questionário de Suspeição em Hanseníase (QSH), adotado pelo Ministério da Saúde para ampliar a detecção de casos da doença nos municípios brasileiros, com visitas domiciliares em áreas de 11 bairros de Manaus que apresentam maior incidência de hanseníase (Colônia Terra Nova, Monte das Oliveiras, Praça 14, Crespo, Flores, São José Operário, Puraquequara, da Paz, Redenção, São Jorge e Lírio do Vale).
Foram realizadas 247 visitas domiciliares, com aplicação de 748 questionários e 483 pessoas examinadas, com 50 pacientes ainda em avaliação médica. No caso de confirmado o diagnóstico para hanseníase, o paciente terá o acompanhamento da equipe da Unidade de Saúde e iniciará o tratamento de forma imediata. Os casos de dermatoses simples também serão acompanhados pela Unidade Básica de Saúde.
Durante a caminhada no bairro Colônia Antônio Aleixo, o coordenador estadual do Morhan, Pedro Borges, destacou que a programação foi organizada como mais uma estratégia para conscientizar a sociedade sobre a importância do envolvimento de todos no combate à doença.
“É importante que toda a comunidade, os brasileiros e amazonenses abracem essa conscientização, que não depende somente das organizações públicas, para que possamos eliminar a hanseníase. O principal desafio ainda é que, por causa do preconceito em relação à doença, a pessoa tem uma inibição e deixa a hanseníase avançar sem procurar uma Unidade Básica de Saúde, que é exatamente a porta de entrada para a detecção de casos novos”, alertou Pedro Borges.
Além de profissionais de saúde, a caminhada contou com a participação de entidades religiosas, clube de mães e grupos da terceira idade. Morando há 28 anos no bairro Colônia Antônio Aleixo, a aposentada Maria Francisca dos Santos, do grupo de idosos Sempre Amigo, foi uma das participantes da caminhada e destacou a importância da ação para alertar a população.
“É importante para evitar que outras pessoas tenham a doença ou que as pessoas doentes fiquem sem fazer o tratamento. Hoje existe tratamento para a hanseníase e a pessoa só fica mutilada se não fizer o tratamento e não seguir todos os cuidados”, afirmou Maria Francisca.
Doença
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pelo Mycobacterium leprae, também conhecido como bacilo de Hansen. A transmissão da doença ocorre quando uma pessoa doente, sem tratamento, elimina o bacilo por meio de secreções nasais, tosses ou espirros, transmitindo para pessoas sadias que convivem próximo e por tempo prolongado no mesmo ambiente.
Os sintomas que se manifestam na pele e nos nervos. Os sintomas neurológicos incluem: formigamento, dormência, sensação de agulhada ou alfinetada, queimação ou sensação de brasa, sensação de um frio doloroso e sensação de choque elétrico. Na pele surgem manchas claras, ou avermelhadas, ou acobreadas com alteração de sensibilidade, perda ou diminuição do suor, e perda de pelo.
Para a médica dermatologista Rosa Batista Correa, que atua no Núcleo de Controle da Hanseníase da Semsa, a orientação da população sobre a doença é essencial pelo fato de que muitas pessoas acham que a enfermidade já foi eliminada.
“Se não sabemos como uma doença se manifesta, achamos que ela não existe. Então, as ações de conscientização fortalecem a atenção das pessoas para a autoavaliação caso surjam sintomas como manchas na pele e alteração nos nervos”, afirmou Rosa Batista.
A médica lembra ainda que a maioria das pessoas tem uma defesa natural contra o bacilo causador da hanseníase. “Pode contaminar muitas pessoas, mas nem todos desenvolvem a doença. E a hanseníase tem um desenvolvimento lento no organismo da pessoa, tanto é que, a partir da contaminação, a doença vai surgir depois de dois ou cinco anos, ou mesmo 10, 20 ou 40 anos”, informou Rosa Batista.