Os 55 municípios amazonenses que estão no Selo UNICEF, edição 2021-2024, participaram nesta sexta-feira (11), do 1º Encontro da Busca Ativa Vacinal e Plano Municipal pela Primeira Infância, promovido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em parceria com a Visão Mundial, organização implementadora do Selo UNICEF no Amazonas e ainda nos estados do Acre, Roraima e Rondônia. O evento acontece das 08h às 17h, na Escola de Educação Profissional Padre Estélio Dalison (CETAM), localizado na rua Brasília, S/N, bairro São Jorge, zona Oeste de Manaus.
O evento visa desenvolver capacidades, habilidades e troca de experiências de gestores para o fortalecimento da rede de imunização municipal, bem como apresentar a estratégia Busca Ativa Vacinal (BAV), desenvolvida pelo UNICEF, para apoiar os municípios na garantia das coberturas vacinais preconizadas pelo Ministério da Saúde na proteção de crianças. Além disso, também realizará, mais uma vez, a formação das equipes municipais para a elaboração do Plano Municipal pela Primeira Infância.
Esses indicadores, que integram o Resultado Sistêmico 1 do Selo UNICEF, correlacionam-se aos esforços da implementação da estratégia Busca Ativa Vacinal nos municípios, a qual contribuirá para o aumento da vacinação e, assim, promoverá o alcance da meta do Selo UNICEF de 95% de cobertura, estabelecida pela Organização Mundial de Saúde. E, por meio do Plano Municipal pela Primeira Infância, cuja existência e implementação fortalece instâncias do Sistema de Garantia de Direitos e permite um olhar focado nas infâncias do município.
“Para a maioria das vacinas é necessário que a cobertura vacinal seja de 95%, como é o caso da Tríplice Viral (Sarampo, Caxumba e Rubéola) e Poliomelite. Essas metas são determinadas pela Organização Mundial da Saúde e pelo Programa Nacional de Imunizações. Quanto maior a proporção de pessoas que estejam vacinadas e saudáveis, menor é a chance de transmissão de uma doença em que os vírus e bactérias estejam circulando. Pessoas não vacinadas podem estar infectadas e não apresentar nenhum sintoma, ou seja, podem estar transmitindo a doença sem saber. Com isso, para que os municípios garantam uma cobertura vacinal assertiva, o UNICEF está desenvolvendo a Busca Ativa Vacinal (BAV) que fornece uma plataforma tecnológica inovadora para contribuir no aumento da cobertura vacinal e atingir as metas preconizadas. Lembrando que vacinais protegem e salvam vidas. Então, vamos juntos reforçar as estratégias para cuidar das crianças, principalmente as mais excluídas e vulneráveis”, afirma Antônio Carlos Cabral, especialista em Saúde e HIV do UNICEF.
“Essa proposta do UNICEF e parceiros é muito importante exatamente para buscar a melhoria das coberturas vacinais que estão muito abaixo do esperado, não só no nosso estado, mas no país como um todo. Então, o que estamos buscando é exatamente a elevação dessas coberturas com o intuito que essas doenças não retornem ao nosso país. A paralisia infantil está batendo na nossa porta e durante a campanha de vacinação só atingimos 60% da cobertura. A vacina oferecida de um a quatro anos foi a gotinha amiga, mas os pais não levaram as crianças. Para as crianças menores de um ano, continua sendo oferecida da pólio que é aplicada aos dois, quatro e seis meses. Então, toda essa mobilização, efetivamente, é para a melhoria das nossas coberturas vacinais e evitar a reintrodução de doenças que podem ser prevenidas com a imunização”, afirmou Izabel Nascimento, coordenadora de imunização do Amazonas.
“O pleno desenvolvimento da criança só pode ser alcançado por meio da oferta do cuidado integral, com intervenções integradas que abranjam a saúde e nutrição da criança. Portanto, o governo e a sociedade têm o dever de garantir e proteger os direitos de crianças, principalmente as mais excluídas e vulneráveis. Neste evento, especialistas do UNICEF, parceiros e gestão estadual e municipal estarão juntos para garantir a cobertura vacinal de crianças, para que os municípios possam atender as necessidades de desenvolvimento integral de todas as crianças, especialmente as mais vulneráveis, de maneira intersetorial, de acordo com o que está previsto na elaboração do Plano Municipal pela Primeira Infância, em consonância com o Plano Nacional pela Primeira Infância”, declara Debora Nandja, chefe do escritório do UNICEF em Manaus.
“O maior desafio em nosso município é a conscientização para fazer com que os pais não deixem de vacinar seus filhos, pois nos últimos anos também tivemos uma queda no número de crianças com a caderneta de vacina atualizada. Para tentar minimizar esse impacto, intensificamos a busca ativa nas casas, principalmente na zona rural e nas escolas. Com isso, esse encontro é de suma importância para conseguirmos estar mais capacitados e buscarmos estratégias para aumentar a nossa cobertura vacinal, que é realmente preocupante diante do cenário que estamos vivendo, correndo o risco da volta da poliomielite”, afirmou Maria de Jesus Brito, coordenadora de imunização do município de Pauini.
Entre novembro e dezembro, serão realizados pela Visão Mundial, parceiro implementador do Selo UNICEF no Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima, encontros presenciais da Busca Ativa Vacinal e Plano Municipal pela Primeira Infância, para fortalecer as estratégias municipais de imunização, assim como garantir o aumento das coberturas vacinais. Os encontros acontecem em polos por estado, reunindo os municípios que participam do Selo UNICEF.
“Os encontros presenciais fazem parte da metodologia do Selo UNICEF que também inclui capacitações remotas e compartilhamento de conteúdo e instrumentos de forma contínua ao longo da edição. O Amazonas é o primeiro a realizar o evento da Busca Ativa Vacinal e Plano Municipal pela Primeira Infância e estamos muito satisfeitos com a participação em massa dos municípios participantes do Selo UNICEF, o que representa o compromisso e engajamento de todos os gestores e suas respectivas equipes municipais”, declarou Lucinete Bezerra, coordenadora de projetos da Visão Mundial.
Além de temáticas vinculadas à Busca Ativa Vacinal, a qual os municípios precisam aderir e implementar de forma integrada, envolvendo as áreas da saúde, educação e assistência social, famílias e lideranças comunitárias, visando o aumento das coberturas vacinais de crianças menores de cinco anos; também serão abordadas as etapas para elaboração do Plano Municipal pela Primeira Infância e a discussão sobre a Semana do Bebê.
Baixa cobertura vacinal – Dados do Ministério da Saúde do Brasil demonstram o declínio significativo na cobertura vacinal de menores de cinco anos em todo o Brasil nos últimos anos e agravada durante a pandemia de covid-19. Como consequência, foram registrados casos de sarampo e estima-se que a poliomielite, doença que causa a paralisia infantil, também corre o risco de voltar ao país.
O atual cenário de baixa cobertura abre as portas do Brasil para o retorno da paralisia infantil (pólio). Há 33 anos, o país está livre da doença graças ao esforço coletivo de todos os níveis de governo e da sociedade, vacinando milhões de crianças ao longo desses anos. A paralisia infantil é uma doença grave, não tem tratamento e pode deixar crianças com graves sequelas pelo resto da vida, necessitando para sempre da assistência dos serviços de saúde. Das crianças que desenvolvem a forma mais grave da doença, 5% a 10% morrem em virtude da paralisia dos músculos da respiração.
Busca Ativa Vacinal (BAV) – A BAV promoverá ações práticas para facilitar o aumento das coberturas vacinais, capacitando os profissionais de saúde, educação e assistência social, e sensibilizando as famílias quanto a importância da vacinação. Trata-se de uma metodologia de atuação intersetorial e que disponibiliza uma plataforma tecnológica inovadora e gratuita para apoiar os governos locais na identificação, registro, vacinação e monitoramento de crianças não imunizadas ou em risco de não receberem vacinas.
O Selo UNICEF
O Selo UNICEF é uma iniciativa do UNICEF para fortalecer as políticas públicas municipais voltadas para crianças e adolescentes. Ao aderir ao Selo UNICEF, os municípios assumem o compromisso de manter a agenda de suas políticas públicas pela infância e adolescência como prioridade. A metodologia inclui o monitoramento de indicadores sociais e a implementação de ações que ajudem o município a cumprir a Convenção sobre os Direitos da Criança, que no Brasil é refletida no Estatuto da Criança e do Adolescente. A adesão ao Selo UNICEF é espontânea.
O sucesso do Selo UNICEF é resultado da parceria entre UNICEF e governos estaduais e municipais por meio da atuação integrada e intersetorial. A atual edição (2021-2024) conta com a participação de 2.023 municípios de 18 estados, onde vivem mais de 17 milhões de crianças e adolescentes. Alcançar essas meninas e esses meninos e mobilizar esses gestores públicos só é possível graças ao apoio de milhares de doadores individuais que acreditam no mandato do UNICEF e de parceiros como B3 Social, Instituto Claro, Grupo Profarma, Coelba, Celpe, Cosern, Elektro, Enel, Energisa, Equatorial Energia e RGE.