Celebrado no dia 8, o Dia Internacional da Mulher é um momento de conscientização em relação à luta das mulheres para viver com saúde, dignidade, liberdade e com direito às próprias escolhas em suas vidas.
Entre as grandes lutas enfrentadas pelas mulheres está a do direito à saúde. Entre os principais pontos de alerta está à prevenção do câncer de mama e de útero e os cuidados com a maternidade. A ginecologista, Luana Ariadne Ferreira, destaca que apesar do crescente acesso à informação ainda há muitas dúvidas e muitos desafios em relação ao cuidado da saúde das mulheres. “Apesar de serem inúmeras as doenças que afetam as mulheres, merecem uma atenção em especial os cânceres de mama e de colo de útero. Isso porque eles afetam primordialmente as mulheres de forma sorrateira, sem grandes sinais no início e com grandes problemas ao decorrer do desenvolvimento do tumor”, afirma ela.
O câncer de mama contou com 66 mil novos casos no Brasil em 2023 e ocorre, segundo Luana, devido o escanteamento da saúde em detrimento dos cuidados com a casa, trabalho e família. “Muitas mulheres proveem financeiramente seus lares e ainda cuidam de filhos e maridos, deixando os cuidados com a saúde em segundo plano. É preciso, no caso do câncer de mama, realizar medidas periódicas de prevenção, com a realização de exame de toque por profissionais especializadas (os) e, se necessário, a realização de uma ultrassonografia”, ressalta a médica. Ela alerta que, caso o câncer seja detectado de maneira precoce, é possível se submeter a um procedimento de mastectomia ou quadrantectomia, com retirada do tumor exclusivamente. Em alguns casos pode ser necessária a remoção parcial ou total da mama.
Já o câncer de útero é o terceiro tipo de câncer que mais afeta as mulheres e também demanda, segundo a ginecologista, avaliação médica regular com a realização de exames Papanicolau ao menos uma vez ao ano para mulheres entre 25 e 65 anos, conforme recomendado pelo SUS. “A realização de um tratamento precoce é essencial para aumentar as chances de cura. Após a identificação, a paciente é submetida a procedimentos como traquelectomia (procedimento cirúrgico que consiste na ressecção do colo do útero), cirurgia de alta frequência ou conização, que visam localizar e remover a lesão, além de verificar outras doenças agressivas e trata-las da melhor maneira”, destaca.
Outro ponto de alerta em relação à saúde feminina diz respeito à mortalidade materna, doença classificada pela ONU como a morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da gestação por conta de causas relacionadas ou agravadas pela gravidez.
A ONU estima que aproximadamente 830 mulheres morrem de causas evitáveis relacionadas ao parto ou à gravidez no mundo todos os dias e que 99% delas ocorrem em países em desenvolvimento. Segundo o SUS, entre 1996 e 2018, o Brasil registrou mais de 39 mil óbitos maternos. “Esse indicador crítico da qualidade de vida atinge, principalmente, mulheres de baixo poder econômico, com baixa escolaridade, adolescentes e aquelas que residem em áreas rurais ou de difícil acesso aos serviços de saúde, evidenciando desigualdades sociais”, enaltece a médica.
Estão entre os fatores de risco a hipertensão, especialmente com as condições de pré-eclâmpsia e eclampsia, a obesidade e as doenças crônicas agravadas durante a gestação.
“Essas complicações afetam desproporcionalmente mulheres negras e indígenas. Além disso, abortos inseguros, complicações no parto, hemorragias graves e infecções pós-parto também contribuem para esse cenário preocupante”, alerta.
A médica destaca que para reverter esse quadro é fundamental que haja a melhoria do sistema de saúde, com leitos adequados e acompanhamento eficiente das gestantes, atenção pré-natal e puerperal e um acolhimento da mulher desde o início da gravidez para acompanhar e tratar das causas de mortalidade materna e fetal.
“Não há mais espaço para suposições quando se trata da saúde da mulher. Consultar um ginecologista representa a escolha pela certeza de um acompanhamento adequado, visando a prevenção e tratamento de potenciais problemas de saúde”, finaliza.