Por 10 anos, Nayla Takahashi Aoki guardou um sonho no peito. O tipo de sonho que não se desfaz com o tempo, ao contrário, cresce, amadurece, resiste até a uma pandemia. E quando finalmente se realizou, veio acompanhado de lágrimas, silêncio e o tipo de beleza que é impossível explicar com palavras.
Aos 34 anos, Nayla é gerente executiva de planejamento em São Paulo. Mas por alguns dias em fevereiro deste ano, ela foi muito mais do que isso. Foi uma caçadora de aurora boreal – e encontrou o que procurava no céu congelado da Lapônia.
“Faz uns 10 anos que eu comecei a procurar mais sobre a aurora. Eu já conhecia o fenômeno, claro, mas era distante, quase impossível. Financeiramente era difícil. Mas era o sonho da minha vida”.
Tudo foi adiado pela pandemia, mas não esquecido. Depois, cada nova viagem que cogitava fazer era adiada por um pensamento insistente: “Se eu juntar mais um pouquinho, eu vejo a aurora”. Foi nesse meio tempo que Nayla conheceu Marco Brotto, o curitibano conhecido como O Caçador de Aurora Boreal.
“Comecei a seguir ele nas redes, acompanhar os posts e os stories… Ficava deslumbrada. Era muita paixão pelo que ele fazia. Eu até pensei em ir sozinha, mas falei pra mim mesma: a chance de não ver é grande. Então, que eu vá com alguém que vai fazer de tudo pra me mostrar”.
Foi a decisão certa
A primeira noite da expedição trouxe uma aurora tímida. A segunda, um pouco mais intensa. E então veio a terceira… “Teve uma hora que eu me afastei do grupo, fui pra um cantinho, sentei, e chorei. Chorava de emoção. Vieram perguntar se estava tudo bem. E eu disse: tá tudo bem! É que eu não tô acreditando que tô aqui, vendo tudo isso”.
Na tela da memória, as luzes dançantes do céu da Lapônia ainda brilham. Tão fortes quanto naquela noite congelante. “Eu não superei. Encontrei o pessoal hoje no encontro aqui em Curitiba e falei: já quero a próxima! Já tô pensando em como me organizar de novo. Vale muito a pena”.
E ali, no 5º Encontro Nacional de Caçadores de Aurora Boreal, rodeado de gente que viveu algo parecido, Marco Brotto confirma o que todo viajante sente: a verdadeira luz da aurora não está só no céu. Está dentro da gente.
Nayla é uma das mais de 300 pessoas que participaram do evento organizado pelo curitibano, referência quando o assunto é caçar as luzes do norte, com mais de 170 expedições bem-sucedidas.