O Dia Mundial da Imunização (9) é uma data importante para reforçar a conscientização sobre a importância das vacinas e da imunização em geral. A imunização é uma das intervenções de saúde pública mais eficazes, prevenindo milhões de mortes e casos de doenças a cada ano.
Segundo dados do Ministério da Saúde, desde 2016, revela que o Brasil tem registrado uma redução nas coberturas vacinais, no caso de crianças, para enfermidades já erradicadas. Porém no ano de 2023 houve uma retomada do aumento da cobertura vacinal, com a estratégia de microplanejamento, que consiste em um método de trabalho que desenvolve, de forma ordenada e sistemática, a programação, a organização, a coordenação, a execução e a avaliação das estratégias de vacinação no território. A imunização é a principal estratégia de prevenção de doenças e agravos, com a redução da mortalidade de doenças como a poliomielite, varíola, sarampo, caxumba, febre amarela e coqueluche, que são preveníveis pelas vacinas.
Segundo João Gregório Neto, enfermeiro e analista de saúde do Programa Municipal de Imunizações da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, com o advento da primeira vacina, da varíola, desde o século XVIII, observamos o aumento da estimativa de vida da população mundial, além da melhoria da qualidade de vida, principalmente nos países em desenvolvimento. “No Brasil, a vacinação é uma estratégia pública e de saúde, antes mesmo do Sistema Único de Saúde (SUS). O Programa Nacional de Imunizações é um dos principais serviços de vacinação do mundo, oferecendo proteção contra mais de 19 doenças, resultando a erradicação e na redução drásticas de várias doenças”, explica.
A seguir, o especialista fala do impacto na saúde pública com a diminuição da cobertura vacinal.
Qual a importância da imunização na saúde pública?
Infelizmente acompanhamos a diminuição da cobertura vacinal no Brasil e no mundo. A imunização adequada é de 95%, para as vacinas de rotina em crianças, porém mesmo com um leve aumento da cobertura vacinal no ano de 2023, ainda continua distante da meta de cobertura, observamos no Brasil, como exemplo, a vacina da poliomielite, que no ano de 2022 a cobertura foi de 67,1% e em 2023 foi 74,6,0%. Outro exemplo, é a vacina contra o Sarampo, que a cobertura em 2022 foi de 80,7% e de 85,6 no ano de 2023. Os dados são preocupantes e acende um alerta para o reaparecimento de doenças já erradicadas como a poliomielite ou o aumento de doenças controladas como o Sarampo, coqueluche, tétano, meningites e outras. Além das vacinas de rotina temos a vacinação de campanhas, como a influenza, que neste momento a cobertura está em torno de 38,06%. Ainda, destaco o início da vacinação contra a dengue, que atualmente o público elegível são os adolescentes entre 10 a 14 anos em cerca de 1.735 municípios no Brasil, com cerca de 1.514.590 doses aplicadas, números de vacinados menores do que esperado pelo Ministério da Saúde.
Quais as causas da diminuição da cobertura vacinal?
As causas para a diminuição da cobertura vacinal são inúmeras, como informações espalhadas nas redes sociais em que as vacinas são ineficazes e com diversas reações adversas, mas a principal é o movimento antivacina, que se fortaleceu na Europa e América Central na década de 80, com algumas informações falsas em relação as vacinas e atualmente observamos o que chamamos de hesitação vacinal, que é a escolha das vacinas. Acompanhamos isso nas unidades de saúde, em que o responsável pela criança quer escolher qual vacina deve ser aplicada. Temos um desafio para mudar este cenário.
Quais ações de conscientização estão sendo realizadas?
São realizadas diversas ações, como a ampliação dos horários das unidades de saúde; o microplanejamento, em que os técnicos do Ministério juntamente com as secretarias estaduais e municipais reconhecem e intervêm nos problemas do território; capacitação permanente dos profissionais da saúde; melhorias dos sistemas de informação, com a Rede Nacional de Dados em Saúde; publicidade efetiva em relação a importância da vacinação, como o Movimento Nacional pela Vacinação; as ações nas escolas, exemplo é o Município de São Paulo que criou a Declaração de Vacinação Atualizada, uma parceria entre as escolas e as unidades de saúde. Mas vejo que necessitamos de uma atuação mais efetiva do poder público, principalmente, em relação a gestão dos imunobiológicos e publicidade positiva sobre as vacinas. Inclusive no dia 08 de junho será o dia “D” da vacinação em todo território brasileiro, principalmente para aumento da cobertura vacinal contra a poliomielite e atualização das demais vacinas, vale a pena destacar que a União Europeia divulgou em maio um boletim epidemiológico constando o aumento da coqueluche em pelo menos 17 países europeus, assim é fundamental manter a vacinação em dia para essa doença, no SUS temos diversas vacinas que previne a coqueluche, como a Pentavalente, contudo a cobertura atual da vacina é de 84,90%.
Há bloqueio de transmissão de doenças pela vacinação?
Sim, por exemplo, quando se tem um caso de Varicela, conhecida como catapora, em uma determinada localidade, a vigilância epidemiologia, juntamente com a unidade de saúde intensificam a ação de vacinação no local. Sendo assim, destaco a importância de notificar as doenças imediatamente, para que a ação de vacinação aconteça o quanto antes. Além disso, temos a Campanha de Vacinação contra a Influenza, que acontece anualmente nos meses que antecedem o inverno, a vacinação contra a Covid19 e contra a Dengue, na qual estamos passando pela epidemia, o que demostra a importância da vacinação de reforço e revela que a vacinação é a principal ação de prevenção coletiva, pois a partir do momento que a população foi vacinada observamos a diminuição da doença e da mortalidade.