A Agência da ONU para Refugiados celebrou acordo de cooperação técnica com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística para apoiar a realização de entrevistas com essa população
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) assinaram um acordo de cooperação técnica para a realização de ações conjuntas durante o levantamento de dados do Censo Demográfico deste ano, lançado nesta segunda-feira (01/08). Com a assinatura do documento, o ACNUR apoiará o IBGE na coleta e análise de dados sobre a população refugiada, solicitante da condição de refugiado e apátrida que vive no Brasil, especialmente a população venezuelana no estado de Roraima, Amazonas e Pará.
Um dos tópicos de atuação conjunta é o apoio do ACNUR para que o IBGE realize o Censo Demográfico em um contexto de deslocamento forçado. Para isso, o ACNUR apoiará equipes de recenseadores a fim de garantir acesso a abrigos que acolhem pessoas refugiadas e acompanhará a realização das entrevistas, garantindo o respeito às normas culturais e à organização social, de maneira especial das pessoas refugiadas e migrantes de diferentes etnias indígenas.
No Pará, o ACNUR já realizou treinamentos para os coordenadores do Censo deste ano a fim de garantir uma abordagem culturalmente qualificada aos indígenas venezuelanos da etnia Warao. Além disso, apoiou a elaboração de um vídeo sobre o Censo no idioma Warao, com legendas em espanhol, e a identificação de intérpretes que serão contratados para auxiliar a realização do recenseamento no Estado junto a essa população.
No Amazonas, os promotores comunitários e voluntários da Cáritas Arquidiocesana de Manaus estão facilitando o entendimento das pessoas de outras nacionalidades sobre o que é o Censo 2022, traduzindo materiais informativos e apoiando os recenseadores a incluírem pessoas refugiadas na pesquisa. Em Roraima, o ACNUR forneceu treinamento para recenseadores e apoiará as entrevistas nos abrigos da Operação Acolhida.
O Representante interino do ACNUR no Brasil, Federico Martinez, comentou sobre os ganhos a serem conquistados pelo compromisso do IBGE de integrar as pessoas refugiadas no Censo 2022:
“É por meio do levantamento de dados de qualidade que podemos compreender o perfil da população refugiada acolhida no Brasil para estruturar políticas públicas que dialoguem com as demandas de cada segmento. Além disso, considerando a ampla área do território brasileiro e o potencial de deslocamento das pessoas refugiadas em busca de oportunidades em diferentes cidades, a realização do Censo nos abrigos possibilita o melhor conhecimento de suas necessidades e contribui para as ações de integração nas cidades de acolhida”, afirma Martinez.
Para o presidente do IBGE, Eduardo Rios Neto, o acordo possibilitará a identificação de potenciais setores censitários e é fundamental para a cobertura da migração internacional, particularmente, mais recentemente, para os venezuelanos, embora também para os bolivianos e outros segmentos de refugiados tanto da América Latina quanto fora, como no Afeganistão e na Ucrânia. “A gente vai captar tudo”, disse Rios Neto.
Foto: Clóvis Miranda