A proposta do conteúdo educacional é incentivar o aprendizado com ilustrações que remetem a animais e espécies do convívio diário de estudantes e de forma lúdica; projeto foi apresentado durante o Seminário de Biodiversidade, na comunidade do Tumbira
A Educação Ambiental junto aos moradores de Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) gera resultados significativos quando há união entre saberes científicos e tradicionais. É dessa forma que as atividades da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) desenvolvem projetos de educação para sustentabilidade com crianças e adolescentes de comunidades ribeirinhas.
Um desses projetos é o “Plantando Saberes & Colhendo Florestas”, realizado pela FAS, que teve como um dos resultados obtidos no mês que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente: a elaboração de um baralho educativo e guia de espécies-bandeira que estão localizadas em comunidades na RDS Uatumã, no município de Itapiranga (distante a 339 quilômetros de Manaus).
O projeto é realizado em parceria com a Americanas. Os produtos educacionais foram apresentados durante o seminário de biodiversidade, na comunidade Tumbira, localizada no município de Iranduba, no mês de maio, que reuniu 148 comunitários envolvidos nas atividades de Educação Ambiental. Os materiais estão disponíveis no site da FAS (baralho e guia de espécies).
Ernesto Ferreira de Souza, da comunidade São Francisco do Caribi, no município de Itapiranga, afirma que por meio das oficinas teve a oportunidade de conhecer sobre espécies e animais que ele vê no dia a dia, mas que não sabiam a importância.
“Essa parceria é muito importante para ter conhecimento da fauna e flora. Como morador da RDS, eu fico satisfeito em ver as crianças com um conhecimento mais avançado em conhecer a floresta e aproveitar o que a gente tem. [No projeto] eu fui convidado para falar sobre o meu conhecimento sobre uma árvore, e eu falei do cipó língua-de-fogo. Ele é um cipó que é armazenador de água. Se alguém se perder na floresta e encontrar um cipó, consegue tomar água. Por meio dessas oficinas, eu descobri que conheço um pouco da ciência”, declara.
O baralho foi elaborado a partir de atividades que ocorreram em 2023, no âmbito do eixo “Trilhando Espécies”, concentrando-se em interações diretas com membros da comunidade, incluindo crianças, jovens e adultos. O objetivo era identificar as espécies de animais e vegetais predominantes em seus territórios, sensibilizar sobre a relevância de cada uma para o ecossistema e determinar quais seriam as espécies-símbolo, geralmente chamadas de espécies-bandeira. Esse termo indica espécies de seres vivos cuja conservação é prioritária e pode servir de símbolo para causas ambientais maiores, como a proteção de um ecossistema inteiro.
A proposta do baralho é promover uma forma didática de incentivar a conservação das espécies de fauna e flora e a importância das mesmas para a manutenção da floresta em pé, conforme explica a supervisora de Educação Ambiental, Iarima Lopes.
“A partir da finalização do eixo Trilhando Espécies, considero que novas possibilidades irão surgir para discutir pautas como conservação da biodiversidade na região amazônica dentro de comunidades tradicionais. Projetos como esse podem abrir um horizonte de reflexão sobre medidas eficazes para proteger a fauna e flora da Amazônia, essenciais para a manutenção desse bioma. Por fim, acredito que a sensibilização gerada através das atividades socioeducativas durante as oficinas com os diferentes públicos seja um ponto de partida para um diálogo mais amplo e aprofundado sobre a importância das espécies bandeiras, bem como a necessidade de novos meios de abordagem de forma contextualizada com a nossa realidade”, afirma.
Ao todo, as espécies destacadas foram: Tucunaré-açu; Tracajá; Peixe-boi; Arara Canindé; Anta; Onça-pintada; Tartaruga da Amazônia; Jacaré-açu; Mutum; e Sucuriju. Já as espécies de flora foram: Copaíba; Castanheira; Pau-rosa; Itaúba; Breu-branco; Breu; Andiroba; Pau d’arco; Louro-rosa e Tucumã.
As oficinas reuniram participantes da RDS do Uatumã, com duração total de quatro dias. Durante a ação, foram identificadas 20 espécies, incluindo 10 animais e 10 plantas.
Sobre a FAS
A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia. Sua missão é contribuir para a conservação do bioma, para a melhoria da qualidade de vida das populações da Amazônia e valorização da floresta em pé e de sua biodiversidade. Com 16 anos de atuação, a instituição tem números de destaque, como o aumento de 202% na renda média de milhares famílias beneficiadas e a queda de 39% no desmatamento em áreas atendidas.