Três vezes prefeito de Manaus, uma vez senador e quatro vezes governador do Estado que trazia em seu nome, Amazonino Armando Mendes era um homem a frente do seu tempo. Quando ninguém reconhecia o potencial de uma festa tradicional de uma pequena ilha, ele viu ali uma oportunidade turística e econômica, nascia assim o Centro de Convenções Amazonino Mendes – o Bumbódromo de Parintins.
A reforma e restauro do complexo do Largo de São Sebastião, com o Teatro Amazonas, Palácio da Justiça, as casas centenárias ao redor e inclusive as fachadas antigas das casas com apoio dos pesquisadores e restauradores, trouxe ao Centro Histórico de Manaus um charme que há tempos estava esquecido. Sem esquecer do restauro do complexo da av. 7 de Setembro, contando com a então sede do governo, o Palácio Rio Negro, que vira um Centro Cultural, com grandes exposições e ao lado a recuperação da Vila Ninita, que na década de 70 foi consumida por um incêndio.
A possibilidade de mais e mais artistas locais fazerem shows, eventos e apresentarem sua arte fora do Amazonas e do Brasil foi uma marca de Amazonino Mendes. Amante das boas artes, criou o Festival Amazonas de Ópera, fez a Orquestra Amazonas Filarmônica, estruturou o Coral do Amazonas, Corpo de Dança do Amazonas. Foram tantos festivais culturais que a memória esquece: Festival Amazonas de Cinema, Festival Amazonas de Dança, Festival de Teatro do Amazonas, Festival Amazonas Jazz, sempre visando o turismo e a troca de experiência entre artistas locais com estrangeiros.
O Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro, com cursos livres em diversas artes transformou a vida de meninos e meninas. A Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que para muitos era algo impossível e hoje já formou mais de 60 mil alunos.
Aqui ressalto apenas alguns feitos de Amazonino Mendes no âmbito cultural, certamente está de fora muitos outros, como os festivais nas cidades e o Cirandódromo de Manacapuru, que não pode ser entregue por ele por se tratar de um período eleitoral, mas foi com recursos do Estado na época.
As obras desse caboclo das barrancas de Eirunepé foram muitas, mais de 480 escolas em todo o Amazonas, 80% dos hospitais operando hoje em todo o Amazonas foram construídos pelo Negão. Construiu a Vila Olímpica de Manaus, reformou o estádio Vivaldo Lima – o Vivaldão, com o seu jogo de reestreia com Brasil x Colômbia, em um placar de 3×1. O primeiro cartão de auxílio no Brasil o “Direito a Vida”, dava as pessoas de baixa renda a oportunidade de receberem um dinheiro para ajudar nas despesas do lar e também cursos de formação técnica, para aprimoramento da economia, inspirando o Bolsa Família, posteriormente criado pelo presidente FHC e aprimorado pelo presidente Lula.
Um dos projetos que mais chamou a atenção do Brasil foi o SOS Manaus, onde ambulâncias buscavam pacientes em suas casas para levar para hospitais públicos da capital, em seguida o Governo Federal usou os moldes e instalou o SAMU em todo o Brasil. Ele que teve a audácia e sabedoria de pedir ao então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, a responsabilidade de asfaltar e pavimentar a BR-174 (Manaus-Boa Vista) e a BR-319 (Manaus-Porto Velho), esta última voltou a ser transitada em 1998, a qual estava mais de 10 anos fechada e principal via para escoar os produtos da Zona Franca de Manaus. O Terceiro Ciclo, projeto audacioso e a frente do seu tempo, onde Amazonino queria que cada município tivesse sua economia e com isso o caboclo do interior não tivesse que migrar para a capital atrás de emprego e por vezes passar necessidades em terras estranhas.
Ao falar de rodovias foram muitas. A AM-010, que não tinha pontes e a travessia era feita em balsas, Amazonino entregou as pontes para que desastres como o famoso ônibus que caiu no rio e as pessoas morreram pelo ataque mortal de piranhas não ocorressem novamente. AM-070, Manuel Urbano que foi alargada boa parte, em seu mandato tampão de apenas 14 meses em 2017 – 2018, quando recebeu um Amazonas com muitas dívidas, com salários atrasados seis meses com os profissionais da saúde.
Em nota à imprensa foi informado sobre o velório:
O velório do ex-governador Amazonino Mendes vai ser no hall do Teatro Amazonas das 17 horas da tarde de quinta às 6 horas da manhã de sábado. O local foi definido em conjunto pelo Governo do Estado e familiares de Amazonino.
A entrada para o acesso do público ao local do velório será feita pela rua José Clemente, em frente ao prédio da radio Rio Mar. O governador Wilson Lima determinou que toda a estrutura do Estado fosse mobilizada para realizar uma cerimônia digna de um chefe de Estado.
A chegada do corpo de Amazonino a Manaus na quinta-feira ainda não tem horário definido. Todo cerimonial será realizado pelo Governo do Estado, que montou uma equipe para fazer a organização e atender o público que for ao Teatro.