O julgamento da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) no Supremo Tribunal Federal (STF) foi suspenso nesta segunda-feira (24) após o ministro Nunes Marques pedir vista do caso. A parlamentar é acusada de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma, em razão de um episódio ocorrido na véspera do segundo turno das eleições de 2022.
Até o momento, cinco ministros já haviam votado pela condenação de Zambelli, incluindo o relator, Gilmar Mendes. A proposta de pena sugerida é de 5 anos e 3 meses de prisão em regime semiaberto, além da perda do mandato. No entanto, com o pedido de vista, o julgamento fica suspenso até que Nunes Marques devolva o processo para deliberação, o que pode levar até 90 dias.
Defesa alega perseguição política
Carla Zambelli afirma ser alvo de uma perseguição política e classifica a acusação como exagerada. Segundo a deputada, no dia do ocorrido, ela reagiu a uma agressão verbal e a um suposto risco à sua integridade física. “Eu fui empurrada e cercada. Me senti ameaçada e reagi como qualquer pessoa faria para se proteger”, declarou a parlamentar em suas redes sociais.
A defesa da deputada reforça que ela possuía registro de Colecionador, Atirador e Caçador (CAC) e que não disparou a arma, apenas a portou para sua segurança. “O que estamos vendo é um claro exemplo de judicialização da política. Há um esforço para transformar um caso isolado em algo muito maior do que realmente foi”, afirmou um dos advogados de Zambelli.
Impacto político e reações
O pedido de vista de Nunes Marques foi comemorado por aliados da deputada, que enxergam na decisão uma possibilidade de reverter a condenação. Políticos da direita criticaram a rapidez do julgamento no plenário virtual do STF e questionam a proporcionalidade da pena sugerida.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, afirmou que o caso de Zambelli teve impacto em sua campanha à reeleição, mas demonstrou solidariedade à parlamentar. “Ela foi provocada, reagiu no calor do momento, e agora querem cassá-la por isso. O que vemos é um desequilíbrio na aplicação da Justiça”, declarou Bolsonaro.
Próximos passos
Com o adiamento, a deputada segue no exercício de seu mandato enquanto aguarda a retomada do julgamento. Caso seja condenada, Zambelli poderá recorrer, mas corre o risco de perder seus direitos políticos e enfrentar restrições legais para se candidatar novamente no futuro.
A defesa já sinalizou que pretende levar o caso a instâncias internacionais, caso a decisão final seja desfavorável. “Não vamos aceitar que uma parlamentar eleita pelo povo seja punida de forma desproporcional”, ressaltou um dos advogados.
Enquanto isso, o caso continua repercutindo nos bastidores da política nacional, dividindo opiniões sobre os limites da atuação do STF e o impacto da decisão no cenário político brasileiro.