Em menos de três meses do Governo Lula no poder, o primeiro escândalo envolvendo o ministro das Comunicações é manchete em todos os jornais.
Em meio as denúncias, o presidente Lula chegou a afirmar nesta quinta-feira (02) que deve se reunir com o ministro na próxima semana, e que o parlamentar terá que deixar o governo caso não prove sua inocência. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu o afastamento para o ministro como medida para impedir “o constrangimento de parte a parte”.
No leilão ele foi flagrado em vídeo repostado diversas vezes nas redes sociais
No twitter diversos o caso gerou polêmica e entrou no ranking:
Juscelino Filho utilizou um avião da Força Aérea Brasília (FAB) para viajar de Brasília para São Paulo, onde participou de uma série de eventos relativos ao mercado de cavalos, tema do qual é negociante e entusiasta. Em solo paulista, ao longo do fim de semana no fim de janeiro, o titular da pasta manteve apenas duas horas e meia de agendas oficiais. Ao solicitar o voo, Juscelino classificou a viagem como “urgente”. As informações são do jornal Estado de S. Paulo.
Apaixonado por cavalos, o deputado assessorou compradores de animais e recebeu o “Oscar” dos criadores no fim de semana da viagem. Além disso, inaugurou uma praça em homenagem a um cavalo de seu sócio e promoveu um dos seus animais de criação. Em 2022, o único projeto apresentado por ele na Câmara foi do dia nacional do animal.
Em defesa, o ministro alegou que devolveu as diárias recebidas logo após a reportagem ter sido publicada. O ministério o defendeu dizendo que não haviam irregularidades e que seria “inaceitável aventar qualquer prática ilegal”, já que Juscelino estaria em seu “período de folga”.
Orçamento secreto
Para asfaltar uma estrada de terra que passa em frente a oito fazendas de sua família, em Vitorino Freire (MA), o ministro direcionou R$ 5 milhões do orçamento secreto. A informação foi divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo, acrescentando ainda que o asfaltamento foi na mesma cidade onde a irmã dele, Luanna Rezende, é prefeita.
Além do trecho que passa em frente às fazendas da família do ministro, que custou R$ 5 milhões, a obra para asfaltar a estrada teve um total orçado em R$ 7,5 milhões. O restante atendeu a 11 ruas de povoados da cidade.
A justificativa de Juscelino foi que as fazendas beneficiadas pela estrada são cercadas por “inúmeros povoados”.
Patrimônio oculto
O ministro não informou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um patrimônio de ao menos R$ 2,2 milhões em cavalos de raça. As declarações de bens foram entregues em 2022, quando registrou a candidatura a deputado federal, segundo o Estadão.
O patrimônio informado por Juscelino foi de R$ 4,457 milhões em sua declaração ao TSE, valor semelhante aos R$ 4,426 milhões movimentados por ele em leilões desde 2018.
A acusação também envolve cavalos que são criados num haras em Vitorino Freire. Na documentação, a propriedade é da irmã do ministro e do Gustavo Marques Gaspar, um ex-assessor dele na Câmara. Mas, nos leilões, ele é nomeado pelos organizadores como o dono das terras.
Dados falsos
O ministro informou à Justiça Eleitoral que transportou cabos eleitorais em viagens durante a campanha para deputado, no entanto, o que consta na documentação são nomes de uma família de São Paulo que alega não conhecer Juscelino.
De acordo com o Estadão, a lista falsa de passageiros foi usada para prestar contas de R$ 385 mil em gastos de Fundo Eleitoral com sua campanha.. O pai da família que consta na planilha afirmou que foi uma “fraude.”
Juscelino Filho negou as acusações e destacou, em nota, que “todos os voos foram feitos em prol da campanha eleitoral, bem como todas as pessoas que constam nos relatórios prestaram serviços diretamente à campanha”.
Contrato com empresa suspeita
O ministro das Comunicações teria contratado a consultoria de uma ex-diretora do Tribunal de Justiça do Maranhão condenada por fraudar a folha de pagamento da Corte. De acordo com colunista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, a Sapere Consultoria LTDA, que pertence a Maria Bernadete Carmo Lima, recebeu R$ 73.800 para fazer panfletagem, bandeiragem e carreatas na campanha à reeleição do deputado.
Ainda segundo a reportagem, o ministro chegou a ir pessoalmente na Superintendência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), no Maranhão, para defender a permanência da concorrência.