O presidente do Superior Tribunal Militar (STM), brigadeiro Francisco Joseli Parente Camelo, afirmou ao CNN Entrevistas que o órgão não é conivente com crimes e que o 8 de janeiro “abriu uma janela de oportunidades” para que a população brasileira veja isso.
O presidente do STM classificou, ainda, como “imprevisível” o futuro do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), que é capitão reformado do Exército. “Não tenho ideia do que vai acontecer. É completamente imprevisível.”
O oficial reafirmou que “foi um erro ter um governo com tantos militares” e que o Ministério da Defesa não poderia ter sido entregue a um militar durante o antigo governo.
“Nós, militares, temos que estar subordinados ao poder civil. O ministro da Defesa tem que ser civil. Nós temos a nossa competência como prevê a Constituição. É para isso que temos que nos preparar e não se misturar com a política”, disse.
Joseli Camelo falou sobre o papel dos comandantes militares no governo Bolsonaro. “Estamos em fase investigatória, ainda existe a presunção de inocência. É a fase inicial. Após isso, se houver provas, após a denúncia, serão julgados”, ressaltou.
Por outro lado, ministro garantiu que o STM não irá “passar pano” ou “passar a mão” na cabeça de nenhum militar e que aguarda o desfecho das investigações para apontar um rumo para o julgamento militar. Disse também ser “prematuro” falar em anistia.
Na entrevista, o brigadeiro destacou também a decisão do ministro Alexandre de Moraes de trazer para o Supremo Tribunal Federal (STF) a competência de julgar crimes como a tentativa de golpe.
Para ele, isso organizou as atribuições entre as duas cortes, deixando com o STM o papel de focar nos crimes cometidos contra a instituição militar.
“O ministro Alexandre de Moraes tomou a decisão e fundamentou de maneira brilhante que o crime era da Justiça comum. Estamos ao lado do STF, não estamos contra”, disse.
“A nossa Justiça Militar, apesar dos seus 216 anos, é pouco conhecida. Nossa missão é a de julgar crimes militares definidos em lei.”
Por Basília Rodrigues/CNN