A mais recente pesquisa do Datafolha revelou um cenário desafiador para o governo do presidente Lula. Com apenas 24% de aprovação e uma reprovação que alcança 41%, os números representam o pior índice entre seus 3 mandatos. Falhas na comunicação governamental estão apontadas entre os fatores que mais contribuem para essa queda.
De acordo com o especialista em comunicação e linguagem persuasiva, Giovanni Begossi, mentor de grandes personalidades, entre elas políticos e empresários, a falta de uma comunicação clara e eficiente prejudica a percepção pública. “O governo tem dificuldades em controlar a própria narrativa e acaba perdendo espaço para a desinformação e os ruídos. Em um cenário altamente polarizado e digital, comunicar-se bem e de forma eficiente não é um detalhe, é uma estratégia de governo e popularidade”, explica.
O recente caso envolvendo o Pix ilustra os impactos dessa fragilidade. A instrução normativa da Receita Federal gerou interpretações equivocadas sobre uma suposta taxação que, mal explicada, chamou a atenção e despertou a insatisfação de trabalhadores informais e autônomos. Só que o governo demorou a reagir e isso permitiu que as fake news se espalhassem antes de um esclarecimento oficial. “O atraso na resposta contribuiu para uma percepção de insegurança, o que é um erro grave na era das redes sociais, onde a informação circula rapidamente e a oposição se aproveita disso”, analisa Begossi, autoridade no assunto com o maior perfil de oratória das redes na América Latina.
Aliados políticos também expressam insatisfação com a falta de clareza nas mensagens do governo. Os desencontros na comunicação interna dificultam a articulação política e aumentam a resistência da base governista. O próprio presidente Lula reconheceu a falha, admitindo que sua gestão precisa melhorar na forma como se comunica com a sociedade.
Para isso, recentemente, a presidência decidiu mudar sua equipe de comunicação, decisão que reflete o quanto está claro que ajustes são necessários para melhorar a mensagem que chega às pessoas. A nova gestão da Secom, Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, enfrenta o desafio de reverter a imagem de um governo que falha em explicar suas próprias ações e em se defender de ataques e narrativas adversárias.
“93% da comunicação está relacionada à forma como a gente fala e só 7% ao que a gente fala, o conteúdo. Daí a importância de traçar uma boa estratégia para se comunicar com as pessoas. Outro ponto de observação é que a oposição está atenta e qualquer erro, principalmente que afete o bolso do contribuinte, é repercutido rapidamente, o que não acontecia nos governos anteriores. Claramente é uma briga de comunicação mesmo, esse é um dos pontos negativos que deterioram a imagem do governo, ele precisa deixar as ideias mais claras e convincentes. Lula também não consegue chegar aos mais jovens, muito menos à classe conservadora da população, seus discursos são ultrapassados e tudo isso contribui para essa falta de popularidade sem igual”, finaliza Giovanni.