BRASÍLIA. Em um dos depoimentos mais elucidativos da CPI das ONGs, hoje, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Aldo Rebelo, ex- ministro da Defesa; da Ciência, Tecnologia e Inovação; do Esporte; e da Coordenação Política e Assuntos Institucionais nos governos do PT, disse que no bioma Amazônia convivem três Estados paralelos : um estado oficial, o do crime organizado e o das organizações não governamentais, esse último o mais forte, por que governa o território, de fato, com o aval de órgãos oficiais do Estado.
Presidente da CPI, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) , ao final do depoimento de Aldo Rebelo, disse que a esperança do colegiado, é deixar como legado, a mudança na legislação para regular a atuação dessas organizações no País.
“Nossa esperança é apresentar projetos que se tornem leis que mudem essa situação na Amazônia. Quando eu trouxe o BNDES aqui para explicar a destinação de quase todos os recursos do Fundo Amazônia para ONGs, ficou claro que aquilo é uma luva que se encaixa na mão das ONGs. Aquele dinheiro que a Noruega dá , já vem determinado para quem vai , para ONG A , ONG B. Então temos que abrir esse leque”, disse Plínio.
Profundo conhecedor da Amazônia , região que estuda e conhece há 40 anos, como deputado e ministro da Defesa e Assuntos Estratégicos, Aldo disse que o primeiro estado seria o oficial, com agências e órgãos anêmico, débil e deficitário em tudo. O segundo estado que comanda a Amazônia é o do crime organizado e o narcotráfico que se disseminou pela região dominando rios como vias de acesso para o tráfico nacional e internacional e ampliando o seu poder social e econômico. Com a perseguição do Ministério Público, Força Nacional, Ibama e Funais a pequenos produtores rurais, os jovens estão indo para as facções do narcotráfico.
“Há cidades em que o prefeito já não é mais o maior empregador. Perdeu para narcotráfico. Há cidades em que toda a semana temos notícias de jovens trucidados nas chacinas “, explicou Aldo.
Esses dois estados mais fracos, o oficial e do narcotráfico, estariam subordinados ao domínio das ONGs abastecidas com dinheiro de países europeus por interesses nas riquezas da Amazônia.
” O mais importante, o mais forte, o mais dominador, é o Estado paralelo das ONGs, governando a Amazônia de fato com auxílio do Estado formal brasileiro, do Ministério Público Federal, da Polícia Federal, do Ibama, da Funai, desse ministério que criaram agora dos povos indígenas “, disse Aldo.
Aldo disse ser uma vergonha o Ministério Público estar a serviço das ONGs impedindo projetos de infraestrutura e de desenvolvimento da Amazônia e protegendo interesses de outros países na Amazônia. Segundo Aldo, não é pelo meio ambiente que as poderosíssimas ONGs atuam na Amazônia e estão trazendo a realização da Conferência do Clima em 2025 para Belém do Pará.
“Essas ONGs são apenas um instrumento, os interesses que elas representam estão lá fora. Se alguém perguntar se isso não é teoria da conspiração, a história da Amazônia é de conspiração, a Amazônia é cobiçada antes de ser conhecida . Você achar que 14% do território nacional esta imobilizado em áreas indígenas, as áreas mais produtivas, mais ricas em minério do País, isso é por acaso? Não, isso é planejado, profundamente planejado “, disse Aldo.
O ex-ministro relatou que quando o fundador da ONG Instituto Sócio Ambiental (ISA), Márcio Santilli, presidiu a Funai, ele esvaziou o órgão e transferiu para a ONG as atribuições do Estado. A partir de então o ISA passou a dominar a região do Alto Rio Negro, mapeando e controlando tudo através de organizações menores espalhadas pelo território mais rico do Planeta.
Entre os requerimentos aprovados hoje está o de convocação da presidente do Conselho Diretor do Instituto Socioambiental (ISA), Déborah de Magalhães Lins , do presidente da Natura, João Paulo Brotto e do presidente da Fundação Amazônia Sustentável, Benjamin Sicsú. Além desse, está o que pede à Polícia Federal a disponibilização de um delegado federal para dar apoio técnico investigativo à CPI.