A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) anunciou que, em maio de 2025, a bandeira tarifária será amarela. Isso significa um custo adicional de R$ 1,885 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Desde dezembro de 2024, a bandeira estava verde, sem cobrança extra, graças às boas condições de geração hidrelétrica. No entanto, a previsão de chuvas abaixo da média e a redução no volume dos reservatórios levaram a ANEEL a adotar a bandeira amarela como forma de sinalizar o cenário menos favorável.
Por que a mudança?
A mudança reflete o início do período seco no país, caracterizado pela redução das chuvas e possível queda na geração de energia por hidrelétricas — a principal fonte da matriz elétrica brasileira. Com isso, aumentaria a necessidade de acionamento das termelétricas, que são mais caras.
Lúcio de Medeiros, especialista em mercados de energia do Lactec — um dos principais centros de pesquisa, tecnologia e inovação do Brasil — explica que a definição das bandeiras está atrelada a diversos fatores, sendo o nível dos reservatórios, uma das principais variáveis. “O Brasil ainda é fortemente dependente da geração hidrelétrica. Quando os reservatórios estão em níveis baixos, é necessário acionar usinas termelétricas, o que eleva os custos e, por consequência, a tarifa para o consumidor. A iminente entrada no período seco, que se estende até setembro, pode explicar, em parte, a adoção da bandeira amarela no país”, afirma.
O especialista ressalta que, caso as condições hidrológicas nos reservatórios venham a se agravar, há possibilidade de elevação para a bandeira vermelha nos próximos meses — o que implicaria em custos ainda maiores. Tudo dependerá do comportamento das chuvas e da demanda por energia, entre outros fatores.
Impacto no bolso do consumidor
A mudança não afeta os consumidores que fazem parte do mercado livre de energia — geralmente grandes empresas ou estabelecimentos comerciais, conectados em alta e média tensão, e tem um impacto reduzido nos consumidores que, por exemplo, geram sua própria energia por meio de painéis solares. Para os demais, Lúcio recomenda adotar medidas de eficiência energética, como a substituição de lâmpadas por modelos LED, uso de sistemas de ar-condicionado mais eficientes e do chuveiro na posição adequada.
Como funciona o sistema de bandeiras?
Criado em 2015, Bandeiras tarifárias é o Sistema que sinaliza aos consumidores os custos reais da geração de energia elétrica. Para tanto, as cores das Bandeiras (verde, amarela ou vermelha) indicam se a energia custará mais ou menos em função das condições de geração de eletricidade:
- Bandeira verde: condições favoráveis de geração de energia. A tarifa não sofre nenhum acréscimo;
- Bandeira amarela: condições de geração menos favoráveis. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,01885 para cada quilowatt-hora (kWh) consumidos;
- Bandeira vermelha – Patamar 1: condições mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,04463 para cada quilowatt-hora kWh consumido.
- Bandeira vermelha – Patamar 2: condições ainda mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,07877 para cada quilowatt-hora kWh consumido.
A bandeira para junho será divulgada no fim de maio, e ainda não é possível prever se haverá mudança.