A equipe do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) do Instituto Argonauta atendeu ocorrências em Ubatuba e São Sebastião, com informações ainda do aparecimento de pinguins vivos e mortos em Ilhabela. Marcando assim o início da temporada de pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus), deste ano, no litoral norte de São Paulo. A temporada dos pinguins na região iniciou em junho, mas o pico esperado, ocorre entre os meses de julho e agosto, e vai até outubro.
No momento, passa por cuidados especiais no Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) do Instituto Argonauta em Ubatuba/SP desde o último domingo, 25, um pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) que foi resgatado pela equipe na Barra do Una em São Sebastião. A equipe PMP-BS do Instituto Argonauta recebeu o acionamento, e encaminhou a ave marinha para reabilitação no CRD em Ubatuba.
O aparecimento de pinguins na costa brasileira é bastante comum, pois todos os anos esses animais se lançam ao mar em busca de alimento. Eles migram desde a Patagônia Argentina e Ilhas Malvinas, onde existem colônias de reprodução, mas alguns acabam se perdendo do grupo, e são encontrados em nossas praias. Essas migrações são influenciadas pela disponibilidade de alimento nas águas costeiras.
De acordo com o oceanógrafo e presidente do Instituto Argonauta Hugo Gallo Neto, os pinguins permanecem na água durante a época não reprodutiva, que perdura entre os meses de abril e setembro. “Nesta época, eles saem em busca de alimento se aventurando por distâncias mais longas, podendo chegar até o nosso litoral sudeste”, detalha o oceanógrafo. “É neste período que esses animais são encontrados, muitas vezes fracos, debilitados e necessitando de cuidados. Aqui na região, estes animais são resgatados e encaminhados para o Centro de Reabilitação e Despetrolização de Ubatuba, para que depois de reabilitados sejam devolvidos à natureza”, acrescenta.
Os pinguins-de-magalhães são aves marinhas com o corpo adaptado para viverem na água, mas não voam, e têm suas asas modificadas em nadadeiras. Alimentam-se principalmente de peixes, cefalópodes (como polvos e lulas), e pequenos crustáceos, (como krill). Eles são predadores habilidosos na água e usam suas nadadeiras e bicos para capturar suas presas.
Ao contrário do que muitos imaginam, os pinguins-de-magalhães não são polares e, por isso, não estão adaptados a baixas temperaturas. A bióloga Carla Beatriz Barbosa, coordenadora do PMP-BS no trecho 10 do Instituto Argonauta, alerta que, ao encontrar um pinguim vivo ou morto nas praias do Litoral Norte, pode ligar no 0800 642 3341 e, caso o animal permita (tomando cuidado para não ser bicado nos olhos), colocá-lo em um lugar seco, como por exemplo uma caixa de papelão, envolto em uma toalha ou jornal para mantê-lo aquecido, mantendo a ave marinha em local seguro de outros animais como cachorros, gatos e urubus até a chegada do resgate especializado.
De acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas (em inglês, IUCN Red List ou Red Data List), o pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) está classificado no grupo “segura ou pouco preocupante”, (em inglês, least concern), que é a categoria de risco mais baixo. Espécies abundantes e amplamente distribuídas são incluídas nesta categoria. No entanto, a espécie sofre com os impactos da interação antrópica, a exemplo de outros animais marinhos, causados pela pesca, os efeitos das mudanças climáticas e alterações no ambiente marinho.
O Instituto Argonauta reabilita pinguins desde o ano de 2012 em continuidade ao trabalho de reabilitação realizado pelo Aquário de Ubatuba desde 1996, tendo resgatado diversos Pinguins-de-Magalhães nos anos em que os mesmos estiveram presentes na costa de nossa região.
Gripe aviária – Importante ressaltar que os animais atendidos não apresentam sintomas de gripe aviária, no entanto, os procedimentos de cuidado devem ser rigorosamente seguidos, para que os animais não sejam contaminados.
Além de não se aproximar do animal, ao encontrar uma ave morta ou viva debilitada, as orientações para garantir segurança em relação a gripe aviária, é, em caso de aves marinhas, ligar para o Instituto Argonauta (0800-642-3341 ou 12 99785-3615) e, em caso de aves terrestres, ligar para a Vigilância Sanitária de cada município. É possível fazer uma observação distante, fotografando e filmando o comportamento do animal (para auxiliar às instituições no acionamento), mas não se aproximando em hipótese alguma. Também, se possível, tentar isolar a área e impedir o acesso de pessoas e animais, enquanto aguarda a equipe técnica.
O que fazer ao encontrar um pinguim? ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Se o animal estiver nadando, não se aproxime! ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Se ele estiver tentando sair da água, dê espaço, ele pode estar cansado. Agora, se o pinguim estiver na areia, é necessário chamar a equipe de atendimento;
Não puxe o animal, pois ele pode se sentir ameaçado. Nem tente devolvê-lo à água, se ele veio para a areia, precisa descansar e de cuidados;
Isole a área para manter o animal afastado de curiosos, cachorros e urubus;
Não o coloque em contato com o gelo ou dentro do isopor!
Relax para não o estressar. Nunca tente alimentá-lo!
Se possível fotografe sem flash! Toda informação é importante para auxiliar na preservação destes animais.
Sobre o Instituto Argonauta
O @institutoargonauta foi fundado em 1998 pela Diretoria do Aquário de Ubatuba (@aquariodeubatuba.oficial) e reconhecido em 2007 como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). O Instituto tem como objetivo a conservação do Meio Ambiente, em especial dos ecossistemas costeiros e marinhos. Para isso, apoia e desenvolve projetos de pesquisa, resgate e reabilitação da fauna marinha, educação ambiental e resíduos sólidos no ambiente marinho, dentre outras atividades.
Sobre o PMP-BS
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.
Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O Instituto Argonauta monitora o Trecho 10, compreendido entre São Sebastião e Ubatuba.
Para mais informações sobre o PMP-BS, consulte: www.comunicabaciadesantos.com.br