Nesta terça (22/8), o presidente Lula ratificou que os países da América do Sul e África aproveitem sua posição estratégica para fornecer insumos para transição energética e se organizem para negociar em pé de igualdade com as nações industrializadas.
Durante um pronunciamento em Joanesburgo, na África do Sul, onde ocorre a cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) esta semana, o presidente brasileiro disse que a intenção não é rivalizar com G7 e G20, blocos dos países mais industrializados do mundo, mas contribuir com uma nova perspectiva de oportunidades.
“Sempre fomos tratados como se fôssemos a parte pobre do planeta, como se não existíssemos. Estamos apenas dizendo: ‘Existimos, estamos nos organizando e queremos sentar à mesa de negociações em igualdade de condições’.”
Em resumo: o planeta está aquecendo e chegando a um ponto de não retorno. Os países ricos e industrializados estão despejando subsídios para fortalecer o mercado doméstico na corrida pela transição energética, mas as contas não estão fechando e eles vão precisar de energia e minerais de países emergentes – que estão lutando para pagar suas dívidas.
É nesse contexto que o Brasil quer se posicionar – e reunir aliados – para industrializar o chamado Sul global.
“Se você falar da questão climática, quem é que tem força hoje para negociar? É o Sul Global. São os países da parte de baixo do globo terrestre. Se falar de minérios, vai perceber que é o Sul Global que tem”, disse durante o programa Conversa com o Presidente.
“O que a gente quer é criar novos mecanismos que tornem o mundo mais igual do ponto de vista das decisões políticas”.
Este é o primeiro encontro presencial dos Brics desde o início da pandemia de Covid-19. Em pauta está a entrada de novos membros e a criação de uma moeda comum.
Há pelo menos 24 solicitações oficiais de entrada no Brics: Argélia, Argentina, Arábia Saudita, Bangladesh, Bahrein, Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Honduras, Indonésia, Irã, Kuwait, Marrocos, Nigéria, Palestina, Senegal, Tailândia, Venezuela e Vietnã.
Energia e industrialização
Em discurso também nesta terça, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse que o Brasil busca ser uma fonte de energia limpa não apenas para o mercado doméstico, mas também para o mundo.
Citando a agenda de neoindustrialização, Haddad defendeu que o país se torne uma plataforma de exportação de produtos verdes e materiais essenciais à transição ecológica.
“O Brasil quer ser uma base, uma plataforma de exportação de aço verde, de alumínio verde e de muitos produtos para que sejam manufaturados, precisam de energia limpa. Nós temos três vezes mais energia limpa do que a média mundial”.
E junto com o Brasil, as nações do Sul global.
“A América do Sul, em particular, tem cinco vezes mais terras raras voltadas para a mudança climática do que a média mundial. Eu penso sinceramente que a África e a América do Sul podem ser plataformas para a diversificação das atividades industriais globais”.
Mercado de carbono
Por aqui, uma das promessas para financiar a transição ecológica e a neoindustrialização verde, a regulação do mercado de carbono deu mais passo nesta segunda (21/8), com a apresentação do substitutivo no Senado.
A senadora Leila Barros (PDT/DF) apresentou na segunda (21/8) o relatório do PL 412/2022 na Comissão do Meio Ambiente (CMA) do Senado.
O substitutivo é a proposta negociada pelo governo federal para regulamentar o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE).
O texto conta com o aval dos ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e da Fazenda.
Diversas pastas, entre elas a Casa Civil e o Ministério de Meio Ambiente, participaram do debate, que envolveu o mercado, principalmente, por meio da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Fonte: epbr