Em 2023, os Estados Unidos registraram um aumento significativo no número de repatriações, atingindo 1,1 milhão de pessoas, conforme dados do Departamento de Segurança Interna dos EUA. Este número representa uma redução de 25% em relação a 2022, mas ainda reflete um cenário de políticas migratórias mais rígidas.
Até novembro de 2024, aproximadamente 678 mil pessoas foram repatriadas dos EUA. Em novembro de 2024, ocorreram cerca de 49 mil repatriações, uma redução de 55% em relação ao mesmo mês de 2022, mas um aumento de 6% comparado a novembro de 2019.
De acordo com Daniel Toledo, advogado que atua na área do Direito Internacional, fundador da Toledo e Associados, escritório de advocacia com unidades no Brasil e nos Estados Unidos, essas variações refletem mudanças nas políticas migratórias e nas condições globais. “O aumento nas deportações durante a pandemia e a subsequente redução estão diretamente ligados às políticas de saúde pública e às estratégias de controle de imigração adotadas pelo governo americano”, comenta.
Remoções e retornos voluntários
As repatriações englobam diferentes categorias, como remoções baseadas em ordens judiciais e retornos voluntários. Durante a emergência de saúde pública da COVID-19, houve um aumento significativo nas expulsões, com médias mensais de 105 mil deportações, mais que o dobro da média pré-pandemia de 40,1 mil. Após o término da emergência em maio de 2023, os números permaneceram 64% acima dos níveis anteriores à pandemia.
Em novembro de 2024, ocorreram aproximadamente 25,8 mil remoções, das quais 79% foram de indivíduos sem condenações criminais. “A predominância de deportações de não criminosos indica uma aplicação mais ampla das leis de imigração, afetando pessoas que, embora em situação irregular, não cometeram crimes além da infração migratória”, pontua Toledo.
Com a expectativa de políticas migratórias ainda mais rígidas sob o governo de Donald Trump, o foco das autoridades americanas deve continuar sendo o aumento das deportações e o fechamento de brechas utilizadas por imigrantes ilegais. Medidas como a ampliação da fiscalização e a restrição de benefícios para quem não possui status regular já estão sendo discutidas e podem ser implementadas nos próximos meses. “A tendência é que o governo adote uma postura ainda mais severa, acelerando processos de remoção e dificultando a permanência de quem não está em conformidade com a lei”, avalia Toledo.
Diante desse cenário, o advogado reforça a importância de buscar alternativas legais para permanecer nos Estados Unidos. “A imigração ilegal sempre será um risco e, com políticas mais duras, a possibilidade de deportação se torna ainda maior. Quem deseja viver nos EUA com segurança e estabilidade precisa agir dentro da legalidade, seja por meio de vistos temporários, investimentos ou outros mecanismos migratórios previstos em lei”, conclui.