Milhões de pessoas foram surpreendidas nesta segunda-feira com um apagão de grandes proporções que deixa sem energia diversas regiões da Espanha e Portugal além de partes do sul da França. A falha elétrica paralisa transportes públicos, derruba sinais de celular, interrompe serviços hospitalares e mergulha cidades inteiras em um estado de alerta.
Sem explicações imediatas, o apagão provoca mais do que transtornos logísticos, ele reativa medos profundos na população, gerando uma sensação de insegurança e desorientação generalizada. “Quando um evento inesperado como esse acontece, nosso cérebro ativa registros antigos de trauma, como os vividos durante a pandemia da COVID-19 ou os atentados terroristas das últimas décadas”, explica a psicanalista Ana Lisboa, especialista em saúde mental, que está vivenciando o caos na capital de Portugal.
De acordo com Ana, eventos que rompem a rotina e retiram as pessoas da sensação de previsibilidade, acionam gatilhos emocionais muitas vezes inconscientes. “Não saber o que está acontecendo e não saber o que vai acontecer é um dos fatores que mais gera pânico coletivo. A mente humana precisa de estabilidade para se sentir segura, quando essa estabilidade é quebrada de forma abrupta, entramos em estado de hiperalerta, medo e reatividade”, afirma.
O fenômeno observado na Europa não é apenas um problema de infraestrutura, mas também de saúde pública emocional. Situações como essa expõem o quanto somos dependentes não apenas da tecnologia, mas também da sensação de controle sobre nossas vidas.
A especialista recomenda estratégias práticas para reduzir os impactos emocionais e evitar o agravamento de quadros de pânico e ansiedade:
- Respirar de forma consciente: respirar lenta e profundamente ajuda a sinalizar ao cérebro que o corpo está seguro, mesmo em meio à tensão.
- Buscar informações confiáveis: evitar rumores nas redes sociais alarmistas e priorizar fontes oficiais é fundamental para manter a mente ancorada na realidade.
- Manter conexões humanas: estar em contato com familiares, amigos e grupos de apoio reforça a sensação de pertencimento e segurança emocional.
- Focar no que é possível controlar: mesmo diante da incerteza, estabelecer pequenas ações práticas ajuda a restaurar o senso de poder pessoal.
- Buscar apoio profissional se necessário: sintomas persistentes de pânico, confusão ou angústia intensa merecem acompanhamento psicológico.
“Eventos como o de hoje, mostram que em um mundo cada vez mais interconectado e vulnerável emocionalmente, investir em resiliência mental deixou de ser um luxo para se tornar uma necessidade coletiva e o verdadeiro desafio, nesses momentos, não é apenas restabelecer a luz elétrica, mas sim, restabelecer a luz interna que mantém a sociedade funcionando com equilíbrio e humanidade”, finaliza Lisboa.