Em 2022, o Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBAM) registrou 211 ocorrências de incêndios em residências e estabelecimentos comerciais ,na capital do estado. Um dos mais recentes sinistros, que teve grande repercussão em Manaus, ocorreu na manhã do último sábado (21), que iniciou em um depósito de uma loja, no Shopping Leste, localizado na Avenida Grande Circular, Zona Leste de Manaus.
Fatos como este acendem um alerta acerca da importância da prevenção contra incêndios em estabelecimentos comerciais. O engenheiro civil, Thiago Maron informa que é preciso, além de fiscalizar de forma adequada o andamento de qualquer projeto, verificar se os ambientes comerciais obedecem às normas e legislações e aos cuidados para manter e garantir a segurança dos clientes e funcionários.
“Todo incêndio ou princípio de incêndio gera preocupação em qualquer que seja a magnitude ou circunstância. Porém, se tratando de lojas, shoppings, boates, cinemas e afins, os riscos são bem mais elevados e complexos por conta da quantidade de pessoas envolvidas e o tempo necessário para evacuar todas em segurança. Por isso a importância de se consultar os procedimentos de avaliação e vistoria da obra, respeitar as limitações, utilizar corretamente os materiais e equipamentos de combate a incêndio e, principalmente, tornar visíveis e de fácil acesso as rotas de fuga de qualquer estabelecimento”, complementou.
As rotas de fuga são os caminhos que levam a ambientes abertos e livres de fumaça e fogo ou até uma via pública e são compostas por corredores, escadas, portas, rampas e outros acessos. Para as rotas de fuga, a sinalização deve ser feita de forma visível. Portanto, dispositivos iluminados marcando as saídas e seus caminhos são muito bem-vindos. Existem ainda os que brilham no escuro, mostrando o número do andar e rota de evacuação.
Outro incêndio
No dia 15 de janeiro, o Clube de Tiros Ponta Negra, localizado no bairro de mesmo nome, na zona Oeste após uma explosão, que ainda está sob investigação as causas, vitimou cinco pessoas e, de acordo com o CB, algumas vítimas foram a óbito no local por inalar a fumaça tóxica e não achar a saída.
De acordo com o titular do 19º Distrito Integrado de Polícia (DIP), Costa e Silva, que é o responsável pelo inquérito policial sobre o caso, a espuma de tratamento acústico que revestia o local pode ter facilitado a propagação do fogo e provocado fumaça tóxica. Segundo a autoridade policial, a espuma que havia nos estandes era semelhante ao material usado na *Boate Kiss.
“Em geral, o que mata num incêndio não é tanto o fogo propriamente dito, mas sim a fumaça gerada pela queima dos materiais, que intoxica e incapacita as pessoas, além, é claro, do pânico generalizado”, afirma Maron.
*Boate Kiss (RS) vitimou 242 mortos e 636 feridos, no dia 27 de janeiro de 2013. A falta de rota de fuga vitimou a maioria das vítimas.