O retorno às aulas é um marco significativo no calendário educacional, marcando não apenas o início de um novo ano letivo, mas também o início de novas jornadas pessoais e acadêmicas para os alunos. Uma das situações que podem emergir durante este período é a mudança de sala ou de ambiente escolar, um evento que pode desencadear uma variedade de emoções e desafios tanto para os estudantes quanto para suas famílias.
Segundo Danilo Suassuna, doutor em psicologia e diretor do Instituto Suassuna, que oferece pós graduação e forma psicólogos atuantes, quando um aluno se depara com a notícia de que estará em uma nova sala, é natural que sinta ansiedade, incerteza e até um sentimento de injustiça. “Como profissional da psicologia, é crucial reconhecer e validar essas emoções, compreendendo-as como parte integrante do processo de adaptação a novos contextos. A transição para um novo ambiente escolar, embora desafiadora, não é apenas uma oportunidade para o desenvolvimento acadêmico, mas também para o crescimento pessoal e social do aluno”, avalia.
No caso dos alunos, Danilo Suassuna explica que os sentimentos devem ser abordados de maneira construtiva. “A comunicação é a chave: dialogar sobre essas emoções, reconhecendo sua validade, mas também buscando reenquadrá-las dentro de uma perspectiva mais ampla, é uma estratégia valiosa”, sugere.
Ele explica que o sentimento de solidão ao entrar em um novo grupo é uma experiência humana universal, não restrita apenas ao contexto escolar. “É essencial que os alunos se sintam apoiados para buscar ajuda quando necessário. Além disso, as instituições de ensino têm um papel crucial em facilitar a integração, promovendo atividades que encorajem a interação e o estabelecimento de novos laços”, diz.
Outra orientação é que os alunos devem ser encorajados a abordar a nova sala de aula com uma mente aberta, livre de preconceitos ou expectativas pré-concebidas. “É o momento de observar, explorar e descobrir. A nova sala pode ser vista como um novo capítulo, repleto de oportunidades para estabelecer novas amizades, adquirir conhecimentos e desenvolver habilidades”, explica.
Além disso, incentivar o diálogo aberto entre alunos, pais e educadores é fundamental. “Compreender o ‘porquê’ por trás da mudança pode ajudar a dissipar dúvidas e a construir uma perspectiva mais positiva sobre a nova situação”, afirma o especialista.
Para os pais, o processo de adaptação dos filhos a novas situações escolares, como a mudança de sala ou de escola, é uma oportunidade preciosa para reforçar o vínculo familiar e promover o desenvolvimento de habilidades essenciais em seus filhos, segundo Danilo Suassuna. “A abordagem escolhida pode ter um impacto significativo não apenas no bem-estar emocional dos filhos, mas também em sua capacidade de enfrentar desafios. É preciso ter escuta ativa, que envolve total atenção, empatia e a capacidade de reconhecer e validar os sentimentos do outro. Desta forma, é possível criar um espaço seguro para que eles expressem suas preocupações, medos e esperanças”.
Outra sugestão para os pais de estudantes que estão enfrentando uma mudança de sala é encorajar os filhos a refletirem sobre a situação e a explorarem diferentes alternativas. “Isso não significa deixá-los sozinhos no processo, mas sim estimulá-los a pensar em múltiplas soluções e guiá-los na busca por elas”.
Escola tem papel importante também
Do ponto de vista das instituições de ensino, a volta às aulas é um momento de renovação e reafirmação de valores e missões educacionais, por isso a mudança de alunos para novas salas ou a introdução de novos métodos pedagógicos são oportunidades para reforçar o sentido de comunidade e pertencimento, segundo Danilo Suassuna.
“É fundamental acolher e dar voz aos alunos, permitindo que expressem opiniões, sentimentos e preocupações. Também é necessário escutar ativamente a família, reconhecendo insights, preocupações e esperanças. Além disso, explicar as razões por trás das decisões escolares é um aspecto fundamental da transparência institucional. A comunicação clara não significa ceder à pressão dos pais ou comprometer a autonomia pedagógica da escola, mas sim criar um ambiente educacional baseado no respeito mútuo e no aprendizado compartilhado”, finaliza.