Edna Gambôa Chimenes (*)
Uma criança sempre será criança em qualquer lugar ou em qualquer período histórico. Mas, ao olharmos para a criança hoje, no século XXI, vemos, acima de tudo, uma série de direitos como educação, saúde, nutrição e o fundamental direito à vida. Direitos esses que, em especial nos países subdesenvolvidos, nem sempre são garantidos pelo poder público.
Vemos uma significativa valorização da infância e de sua importância dentro da sociedade, para a formação do cidadão. Mas, apesar dessa mudança e evolução do tratamento dado às crianças ao longo dos anos, no que se refere à educação, por exemplo, tivemos uma queda, estatisticamente relevante, no percentual de crianças de 4 e 5 anos matriculadas nas escolas do Brasil – caiu de 92,7%, em 2019, para 91,6%, em 2022, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Esse é um dado que evidencia a necessidade de novas políticas e olhares cuidadosos para a criança e adolescente.
O fato é que frente à sociedade marcada por um cotidiano acelerado e com constantes transformações, ser criança se tornou um desafio. Toda essa dinâmica tem, de certa forma, “atropelado” a infância e os aspectos que a caracterizam como uma fase tão peculiar e base da formação para o cidadão. Definimos padrões e expectativas, principalmente com relação ao rendimento escolar, esperando que cada criança cumpra, falando muito em obrigações e depositando nelas a construção de um mundo criado por familiares e demais agentes que fazem parte do cotidiano de uma criança.
Mas e o brincar? O brincar é a atividade mais importante na vida de uma criança! Pode parecer apenas uma diversão ou passatempo, mas é por meio das atividades realizadas ao brincar que as crianças conseguem expressar seus sentimentos e demonstrar o que pensam, além de aprenderem desde repertórios para sua formação escolar, até aspectos da vivência e convivência em sociedade.
Assim, assegurar que uma criança seja criança é a maneira mais eficaz de garantir seus direitos, sempre reconhecendo e respeitando o ritmo e particularidades entre as diferentes infâncias, garantindo proteção à liberdade de crescer no tempo adequado, com políticas públicas que olhem para essa fase do desenvolvimento humano.
Afinal, o olhar para a infância é base para outras importantes observações e reflexões. Se uma cidade for boa para as crianças, certamente será boa para todos, pois é o olhar e vivência presente das crianças que possibilitará o desenvolvimento de um futuro melhor.
Por Edna Gambôa Chimenes é graduada em Letras e Pedagogia, mestre em Estudos de Linguagens e tutora dos cursos de Pós-Graduação na Área de Comunicação do Centro Universitário Internacional Uninter.