Mais de 3 milhões de alunos voltaram às aulas nas escolas da rede estadual de São Paulo nessa segunda quinzena de fevereiro, segundo a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP). E o ano letivo começa com algumas novidades na grade curricular, dentre elas a inclusão do ensino de educação financeira. A obrigatoriedade passa a valer para os anos finais do ensino fundamental 2 (6° a 9° ano) e das três séries do ensino médio. A medida faz parte da reformulação do ensino médio promovido pela Secretaria de Educação (Seduc-SP) para 2024 e de uma ação nacional do Ministério da Educação (MEC), que deve chegar às escolas de todo o país em breve.
Para a educadora financeira Aline Soaper o aprendizado financeiro ainda na infância é uma ferramenta de transformação para minimizar o problema crônico de endividamento dos brasileiros. “As crianças e adolescentes precisam ser preparados para lidar com os desafios da vida e a administração do próprio dinheiro é o primeiro deles. Um adulto despreparado para lidar com os seus recursos sofre por anos com escolhas erradas, endividamento, ansiedade e até problemas relacionados à vida profissional e relacionamentos. As escolas precisam incluir uma educação financeira contextualizada, ou seja, que não seja um ensino apenas teórico, como também prático e que ofereça recursos para que elas cresçam preparadas para enfrentar o desafio de gerar e gerir o próprio dinheiro, ressalta a idealizadora do projeto EfincKids, metodologia que ensina educação financeira para crianças e adolescentes dentro do ambiente escolar,
A nova medida na grade escolar ainda vai de encontro com a ação do Banco Central, que acabou de determinar que as instituições financeiras promovam ações de educação financeira a seus clientes, em 2024. O objetivo é promover a consciência para melhorar a saúde financeira de toda a população. “A iniciativa é importante para que a sociedade tenha acesso a esse conhecimento, mas é preciso lembrar que o banco vende produtos financeiros, por isso, o viés será sempre de uma promoção que incentive a compra de produtos desse banco. Os consumidores podem se beneficiar de tais conteúdos, mas não podem terceirizar suas escolhas. É preciso que busquem conhecimento também em canais independentes para ter diferentes perspectivas sobre o assunto antes de tomar uma decisão que reflete em todas as áreas da vida”, alerta a Soaper.
As duas normas fazem parte de uma série de decisões do governo para diminuir o endividamento das famílias brasileiras. Dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPCBrasil) mostraram que o país tem 66,57 milhões de consumidores inadimplentes, uma alta de 3,55% frente ao mesmo mês de 2022. O crescimento foi de 0,54% em comparação com outubro de 2023. Dentre brasileiros adultos, 40,65% estavam negativados no 11º mês de 2023. Entre o recorte por gênero, as dívidas avançaram entre o público feminino, sendo 51,13% mulheres contra 48,87%homens. Ainda segundo o levantamento, o número de devedores com participação mais expressiva em novembro está na faixa etária de 30 a 39 anos (23,75%). São 16,54milhões de pessoas registradas em cadastro de devedores nesta faixa, ou seja, quase metade (48,54%) dos brasileiros desse grupo etário estão negativados.