No início de cada ano, é comum ver crianças oferecendo votos de “bom princípio” aos adultos, uma tradição que envolve a entrega de um valor simbólico. Para muitas famílias, essa prática tem se tornado mais do que um gesto cultural: é uma oportunidade de ensinar as crianças sobre o valor do dinheiro e a importância de uma boa educação financeira.
A jovem de 14 anos, escritora e influenciadora de educação financeira para crianças e jovens, Malu Lira, que comanda o canal Malu Finanças nas redes sociais, comenta sobre a importância de aproveitar esses momentos para semear hábitos saudáveis desde cedo. Para ela, práticas simples como essas podem ter um grande impacto na formação de uma relação responsável com o dinheiro. “Quando as crianças começam a lidar com dinheiro de forma consciente, mesmo que seja um valor simbólico, elas aprendem a noção de poupança, de investir e de compreender o que significa ter uma quantia limitada de recursos”, afirma.
De acordo com Malu, a educação financeira não é apenas sobre aprender a economizar, mas também sobre como tomar decisões mais informadas e responsáveis no futuro. “O simples ato de dar ou receber um valor de presente, seja por meio de um gesto de carinho como o ‘bom princípio’, ensina a criança a dar valor ao que recebe e a entender que todo valor exige uma reflexão sobre como gastar.”
Ela também destaca a importância de os pais ou responsáveis se envolverem nesse processo de ensino. “É essencial que o adulto explique o que significa o valor dado, por que ele está sendo oferecido e o que pode ser feito com ele, seja guardando, gastando ou até mesmo doando”, sugere. Malu enfatiza que, com o tempo, essa conscientização pode ajudar as crianças a entenderem a relevância de fazer escolhas financeiras mais assertivas à medida que crescem.
Uma das dicas de Malu para as famílias que desejam adotar esse hábito é transformar o momento em uma prática educativa, explicando de forma lúdica e acessível o que o dinheiro representa e como ele pode ser gerido. “Transformar essas ações em aprendizado vai além de ensinar sobre números e moedas, é sobre educar para a vida”, completa.
A especialista também sugere que, ao longo do ano, as crianças possam ter pequenas metas de poupança ou até um “cofrinho” para guardar o dinheiro recebido nessas ocasiões. Isso permite que as crianças vejam o impacto do tempo sobre a economia e a importância de não gastar tudo de uma vez. “Se ensinarmos desde cedo que o dinheiro é uma ferramenta que pode ser controlada e aplicada de maneira inteligente, estamos criando adultos com mais consciência e menos propensos a cair em problemas financeiros no futuro”, reforça.
Para completar, Malu Finanças sugere que as famílias busquem integrar a educação financeira ao cotidiano, criando situações que estimulem as crianças a refletir sobre o valor das coisas e sobre as escolhas que fazem. “Por exemplo, se a criança tem o desejo de comprar algo, é interessante discutir as opções e mostrar como o valor gasto pode impactar em outras possibilidades de consumo, como economizar para algo mais valioso no futuro”, conclui.
Malu também lembra que, embora o gesto do “bom princípio” seja simbólico, a oportunidade de ensinar sobre finanças vai além do valor presenteado. O mais importante é criar uma base sólida para o entendimento do dinheiro, preparando as crianças para um futuro mais equilibrado e financeiramente saudável.